26 ago, 2020 - 08:26 • Marta Grosso , Vítor Mesquita (entrevista)
Recuperar os níveis de colheita em dadores em paragem cardiocirculatória é o caminho apontado pela presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação para reverter a queda de 28% de transplantes nos primeiros seis meses do ano.
“Elaborar procedimentos que a maior parte das unidades já tem, mas expandi-los um pouco para as unidades de cuidados intensivos, que são a grande fonte dos potenciais dadores”, afirma Susana Sampaio à Renascença.
O objetivo é “arrancar outra vez com o dador em paragem cardiocirculatória, que será talvez o dador mais sensível em termos de transmissão de infeção”, explica.
A presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação reconhece que já houve uma recuperação dos números e diz que “estamos numa fase em que potencialmente poderá ser rápido” retomar os níveis pré-pandemia, mas tudo depende dos próximos meses.
“Quando aliamos o primeiro trimestre, em que a redução era de cerca de 52%, penso que, apesar de tudo, estamos a recuperar alguns dos números quando comparado com o ano passado. Claro que a redução é quase 30%, mas estaríamos à espera disso, tendo em conta o período que atravessamos e tendo em conta que ainda alguns tipos de transplante, nomeadamente transplante de dador em paragem cardiocirculatória, ainda não estamos a fazer de novo por uma questão de segurança”, começa por afirmar.
Agora, “não sabemos é o que é que vem a seguir que possa travar um bocadinho este processo, porque vem aí o outono/inverno e, se voltar a haver mais novos casos de Covid, poderemos ser travados outra vez”.
Na terça-feira, a coordenadora nacional da transplantação, Margarida Ivo da Silva, referiu que "a transplantação estava a subir em Portugal nos primeiros meses do ano, mas, a partir de março, com a pandemia, houve menos dadores e menos segurança na doação".
Margarida Ivo da Silva falava no polo principal do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), na apresentação de um equipamento para perfusão hipotérmica oxigenada de fígado e rim e explicou que, no período de mitigação, "apenas se deu respostas aos transplantes em doentes urgentes ou muito urgentes".