28 ago, 2020 - 17:40 • Redação com Lusa
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O aumento de casos de Covid-19 nos últimos dias pode levar a uma "reavaliação da data da declaração do estado de contingência" e também a que Portugal seja excluído dos corredores seguros do Reino Unido, avisou esta sexta-feira o pneumologista Filipe Froes.
Em declarações à Lusa, o coordenador do gabinete de crise Covid-19 da Ordem dos Médicos (OM) deixou um alerta para a degradação da situação epidemiológica no país e para as possíveis consequências dessa situação a nível económico, num dia em que Portugal registou mais seis mortes e 401 novos casos confirmados de infeção nas últimas 24 horas, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) hoje divulgado.
“A manter-se este aumento contínuo dos últimos dias, poderá ter de ser reavaliada a data da declaração de estado de contingência. Não basta dizer que se quer antecipar, deve ser reavaliada de acordo com a evolução diária dos casos”, referiu.
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O Conselho de Ministros anunciou na quinta-feira a passagem de todo o território continental a estado de contingência em 15 de setembro, para que se possam definir as medidas necessárias “em cada área para preparar o regresso às aulas e o regresso de muitos portugueses ao local de trabalho”, segundo a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva. Confrontado com a medida do governo, o pneumologista não descartou uma revisão da data.
Face ao aumento de casos, Froes também avisa que Portugal se arrisca a perder o corredor aéreo seguro recentemente autorizado pelo Reino Unido.
“Demorámos tempo demais a ganhar o corredor turístico seguro para o Reino Unido e, como não maximizámos a capacidade de eliminar as cadeias de transmissão na comunidade, arriscamos voltar a perder o corredor”, afirmou o especialista, acrescentando: “A segunda vaga está a chegar e nós vamos lá chegar com menos capacidade do que desejávamos”.
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Filipe Froes reiterou ainda a importância de traçar uma estratégia de antecipação no combate ao coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a doença Covid-19, e abriu a porta a uma possível generalização do uso da máscara.
“Deveríamos tomar todas as medidas para partirmos para uma eventual segunda vaga mais bem preparados. Uma medida que tem de ser equacionada é a utilização permanente da máscara nos espaços públicos abertos”, observou, elencando ainda outras medidas, nomeadamente “a realização de testes de diagnóstico precoce nos contactos de alto risco de todos os casos confirmados” e a simplificação do “licenciamento e da aquisição de novos testes de diagnóstico”.
Paralelamente, Filipe Froes sublinhou também que o “aumento paulatino do número de novos casos precede em uma a duas semanas a subida do número de internamentos hospitalares e internamentos em cuidados intensivos”, sem deixar de realçar a necessidade de utilização de métricas comuns para a comparação da evolução da pandemia com os outros países europeus.
Em Portugal, morreram 1.815 pessoas das 57.074 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.