29 ago, 2020 - 14:47 • Lusa
O corpo ativo dos Bombeiros Voluntários de Arouca está reduzido a metade, depois de confirmados nove casos de Covid-19 entre os seus operacionais e 30 estarem em quarentena, revelou neste sábado a corporação do distrito de Aveiro.
Segundo o comandante José Gonçalves, todos os contagiados com o vírus SARS-CoV-2 "estão bem e sem sintomas", tendo ficado em isolamento no Centro de Formação do Gamarão, na freguesia de Canelas, uma vez que esse imóvel, do qual a corporação é proprietária, dispõe de "ótimas condições para acomodar os nove doentes em segurança", evitando riscos para as respetivas famílias durante a sua convalescença.
Todos os cerca de 80 operacionais foram sujeitos a testes de diagnóstico, sendo que, de acordo com as datas em que os 30 bombeiros em isolamento domiciliário contactaram com os infetados, alguns dos que estão em quarentena "já começam a regressar ao trabalho a partir da próxima quarta-feira e os outros podem voltar no dia 9 de setembro".
A assegurar o serviço no quartel – que é o único no território de Arouca, cuja área é de quase 330 quilómetros quadrados, 80% dos quais de espaço florestal – estão agora 38 bombeiros, em horários rotativos.
"Continuamos a fazer tudo o que nos compete e só interrompemos o transporte de doentes para consultas de diálise e fisioterapia, porque são utentes de risco", diz José Gonçalves à Lusa, indicando que esse serviço é agora assegurado pela corporação vizinha de Castelo de Paiva, também no distrito de Aveiro.
Quanto à eventualidade de incêndios rurais ou outras ocorrências de grandes dimensões, o comandante mostra-se tranquilo: "Se houver alguma situação dessas, contaremos com os nossos colegas bombeiros de outras corporações, como sempre aconteceu até aqui".
Balanço DGS
Todas as regiões do país registam aumento de casos(...)
Entre os corpos ativos mais próximos, já de sobreaviso, incluem-se não só os de Castelo de Paiva, mas também os de Fajões e Vale de Cambra, ainda no distrito de Aveiro, e igualmente os da Nespereira, já em Cinfães, no distrito de Viseu.
Para a presidente da Câmara Municipal de Arouca, Margarida Belém, o recente aumento de casos de covid-19 no concelho demonstra que não é altura de se descurar a adotação de comportamentos responsáveis. Após o pico da pandemia, o território foi registando cada vez menos diagnósticos positivos e chegou a ter apenas dois casos ativos de SARS-CoV-2 entre os seus cerca de 22.500 habitantes, mas esta sexta-feira contabilizava 43 doentes em tratamento, somando assim um acumulado de 105 infetados desde março.
"Nestes últimos dias tem-se verificado um aumento do número de pessoas infetadas no concelho, situação que está a ser acompanhada de forma próxima e atenta pelo Município, em estreita articulação com os serviços de saúde e demais agentes da proteção civil. Na origem destes focos recentes de infeção poderão estar situações de convívio familiar, nomeadamente em contexto de festas e outras celebrações, com eventual relaxamento no cumprimento dos comportamentos de contenção", declara a autarca socialista.
Neste contexto, a autarquia impôs esta sexta-feira um novo horário de funcionamento aos estabelecimentos locais de restauração e similares, que, até 11 de setembro, só podem ter portas abertas até às 23h00, devendo os últimos clientes abandonar o recinto até às 23h59.
A medida é "transitória e excecional", mas necessária porque a câmara considera "imperioso adotar medidas para a prevenção, contenção e mitigação da transmissão da doença na área geográfica do concelho".
O novo coronavírus responsável pela presente pandemia de Covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou cerca de 24,8 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais pelo menos 838 mil morreram.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados se registaram em 2 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde (DGS) indicava 1.818 óbitos entre 57.448 infeções confirmadas.