Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Ministra da Justiça

Delação premiada entre medidas de combate à corrupção anunciadas pelo Governo

03 set, 2020 - 20:49 • Sérgio Costa com redação e Lusa

Ministra da Justiça admite perdão ou penas atenuadas para denunciantes. Questionada sobre se as alterações podem ser aplicáveis no caso Rui Pinto, que começa a ser julgado amanhã, Francisca Van Dunem diz que não.

A+ / A-

A ministra da Justiça admitiu esta quinta-feira que, no contexto da estratégia do Governo de combate à corrupção, os denunciantes deste tipo de crimes possam ser perdoados ou ver as suas sentenças reduzidas.

"O regime de proteção de denunciantes é um regime que está previsto no quadro da União Europeia e que consta de uma diretiva que temos de transpor", recorda Francisca Van Dunem. "Esse regime, ao nível da pressão sobre os denunciantes, tem como pressuposto que o denunciante esteja integrado numa organização, que tenha conhecimento de factos em virtude da sua atividade nessa organização e, em resultado disso, através dos canais de denúncia adequados, faz a denúncia."

Questionada sobre se essa medida poderá ser aplicada no caso de Rui Pinto, que começa a ser julgado esta sexta-feira, Van Dunem afasta a possibilidade. "Eu penso que não será propriamente essa a situação que se verifica no caso referido", respondeu aos jornalistas.

As declarações sobre a delação premiada, uma medida que não angaria consenso no setor da Justiça, foram feitas durante a apresentação da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção -- que, segundo Van Dunem, passa também pela separação de processos na fase de investigação, evitando megaprocessos, e a celebração de acordos sobre a pena aplicável em julgamento, com base na confissão.

As medidas foram apresentadasem Lisboa pela ministra da Justiça, que realçou contudo que a "chave do problema" para enfrentar a corrupção está na prevenção, por se entender que o sistema repressivo, por mais sofisticado que seja, é " insuficiente para diminuir seriamente o fenómeno".

Porém, ao nível da repressão, a estratégia propõe alguns ajustes nos mecanismos que já existem em Portugal, como a dispensa de pena, a atenuação da pena ou a suspensão provisória do processo, com a ministra a salientar que se pretende que estas soluções sejam aplicadas na prática e auxiliem à investigação.

Ainda na esfera repressiva, a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção (ENCC), hoje aprovada em Conselho de Ministros para discussão pública, pretende reforçar a pena acessória de proibição do exercício de funções públicas aplicada a titulares de cargos públicos que cometam crimes de média ou alta gravidade, prevendo prazos mais longos de impedimento e tornando-a aplicável a titulares de cargos políticos, conforme consta de uma nota informativa distribuída aos jornalistas.

No plano da prevenção - que a ministra insiste ser a "chave do problema - pretende-se reforçar o papel das escolas, transmitindo-se às crianças e jovens valores que gerem repúdio perante as práticas corruptivas.

Outro das medidas preventivas prevê a implementação, dentro da administração pública e das médias e grandes empresas, de programas vocacionados para a prevenção e deteção de práticas ilícitas e para a proteção de dirigentes ou trabalhadores que denunciem tais práticas, dando assim cumprimento a recomendações da União Europeia.

Pretende-se ainda criar um mecanismo anticorrupção com poderes de iniciativa, controlo e sancionamento no âmbito do regime geral de prevenção da corrupção e com atribuições ao nível da recolha e tratamento de informação e da organização de atividades entre entidades públicas e entidades privadas relacionados com a corrupção.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Filipe
    04 set, 2020 évora 17:03
    Agora parece que o Covid estagnou esta Democracia , paralisou tribunais e Parlamento , criou organizações fascistas que suspenderam a Democracia e o Estado de Direito , como a DGS e agora o Ministério da Justiça , entre outras mais ... a contar com o PCP . Agora até misturam o estatuto de Arguido com o de Testemunha ... uma salada de frutas a bem dizer para proteger os criminosos que estavam dentro dos discos encriptados . Também em troco de absolvição , alguns nem apresentaram queixa dele ... vamos ver se um dia este caso não vai acabar como Camarate . Intalou-se a moda na justiça : Ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão ...
  • Joaquim
    04 set, 2020 Nenhures 09:46
    Ou seja, se eu roubar alguém e descobrir alguma crime desse assaltado, posso roubar à vontade? Como uma Ministra destas, completamente incompetente, só podia dar num desvario destes!
  • Hipocrita
    03 set, 2020 21:22
    Ahahaha tá visto que justiça é que nós temos....uma justiça corrupta loool. Então o Rui Pinto não é um denunciante de corrupção e crimes??? É certo que descobriu isso por meios ilegais...mas é julgado por esse crime mas com atenuantes! Mas os criminosos que ele denunciou que sejam condenados...

Destaques V+