08 set, 2020 - 07:50 • Joana Azevedo Viana
Nota: o site de inscrição para o Painel Serológico Nacional Covid-19 esteve em baixo esta terça-feira. "Neste momento e devido à elevada afluência, a plataforma está indisponível por questões técnicas que estão a ser resolvidas", é indicado na plataforma.
Arranca esta terça-feira um novo painel serológico nacional Covid-19, uma campanha que pretende testar 12 mil pessoas no continente, Açores e Madeira para "dotar Portugal, e também a comunidade científica, da mais completa avaliação já realizada sobre a prevalência da infeção no país".
Os 12 mil testes serão gratuitos e poderão ser feitos nos postos de colheita dos Centros de Medicina Laboratorial Germano de Sousa, empresa parceira do projeto do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM).
O objetivo do estudo serológico, que é financiado em 2 milhões de euros pela Sociedade Francisco Manuel dos Santos (SFMS) e pelo Grupo Jerónimo Martins, é "determinar a proporção da população portuguesa que desenvolveu anticorpos contra o vírus SARS-CoV-2" e assim compreender a prevalência da doença provocada pelo novo coronavírus em Portugal.
Maria Manuel Mota, diretora executiva do iMM, ressalta a importância desse contributo financeiro para as atividades de investigação da Covid-19, permitindo "projetá-las no futuro, quer através da monitorização do estado serológico, quer na investigação clínica que permitirá compreender melhor a doença, por exemplo, o que distingue biologicamente indivíduos assintomáticos dos casos ligeiros e dos mais graves".
Neste contexto, José Soares dos Santos, presidente executivo da SFMS, acrescenta que, "antecipando o impacto do outono/inverno, acreditamos que a realização de testes serológicos é essencial para obtermos um retrato da incidência da Covid-19 em Portugal, que permita tomar decisões mais informadas para a contenção da doença".
No final de julho, um primeiro estudo serológico nacional, conduzido pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, revelou que, até então, cerca de 300 mil portugueses já tinham sido infetados pelo novo coronavírus, sendo que 44% não manifestaram qualquer sintoma de Covid-19.
À Renascença, o investigador Luís Graça explica que esta iniciativa vai ajudar os serviços de saúde na tomada de decisões. “Vai possibilitar saber nas diferentes regiões de Portugal, incluindo nas ilhas, a percentagem de pessoas que contactou com o vírus. Estas observações vão servir para possibilitar aos serviços de saúde saber onde vai ser necessário iniciativas e de que tipo.”
Segundo o professor da Faculdade de Medicina de Lisboa, uma das duas instituições que ajudaram a delinear os perfis da amostra, destes 12 mil participantes será selecionado um subgrupo de dois mil, que vão ser seguidos ao longo do tempo para saber “com que velocidade se aumenta esta exposição ao vírus ou de que forma vai mudar esta dinâmica no país.”
Este tipo de testes permite calcular a percentagem de indivíduos que foram expostos ao vírus SARS-CoV-2, quer tenham tido ou não sintomas de Covid-19, monitorizando a resposta imunitária do organismo através da deteção de anticorpos contra o vírus, a partir de uma amostra de sangue periférico.
O estudo começa hoje, 8 de setembro, e vai prolongar-se até 7 de outubro, em 102 municípios de Portugal continental e ilhas, estando disponíveis 314 postos de colheita Germano de Sousa.
O estudo para se estimar a proporção de pessoas em Portugal que já foram infetadas com o
novo coronavírus terá por base uma amostra com estratificação proporcional da população
portuguesa por grupo etário (menores de 18 anos, entre 18 e 54 anos e 55 anos ou mais) e
densidade populacional das regiões (baixa, média e elevada).
Especialistas da Pordata e da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa contribuíram para a definição e caracterização da amostra que será usada neste painel serológico.
Os dados serão analisados estatisticamente e os resultados finais serão divulgados a partir do final de Outubro, adianta o iMM.
Os voluntários poderão inscrever-se através do registo no site Painel Covid-19, onde irão encontrar toda a informação relevante.
Para mais informação sobre o estudo, encontra-se disponível uma linha de apoio. Basta ligar para o 808 100 062.
[notícia atualizada às 9h00]