15 set, 2020 - 15:18 • Liliana Monteiro
O Ministério Público quer mostrar em julgamento os conteúdos do computador e dispositivos eletrónicos apreendidos a Rui Pinto, o alegado pirata informático.
A procuradora requereu em julgamento que a Judiciaria disponibilize um aparelho e um técnico para ajudar a mostrar emails e informações apreendidas e que constam do processo.
A segunda sessão do caso “Football Leaks” ficou marcado por diversas perguntas da juíza que queria saber se Aníbal Pinto, advogado de Rui Pinto e também ele arguido, nunca desconfiou que estaria em causa dinheiro em troca de silêncio sobre informações privadas.
Anibal Pinto sublinhou diversas vezes que não e à saída do tribunal admitiu que pode ter sido enganado.
“Os clientes usam sempre os advogados. O povo diz que ao advogado e ao padre diz-se a verdade, mas, infelizmente, muitos clientes não dizem a verdade e não se conta tudo. É claro que Rui Pinto não me contou tudo”, afirmou.
Na sala do tribunal, Anibal Pinto disse que o pagamento do fundo de investimento da Doyen seria feito através de conta na Hungria ou uma offshore, sugestão feita por Rui Pinto.
“O Rui Pinto disse que estava a pensar fazer uma offshore. É opção do cliente. Se lhe permitia pagar menos impostos, a escolha era dele. Era o que faltava os advogados achassem normal ou não normal aquilo que os clientes querem fazer”, respondeu.
O coletivo de juizes confrontou ainda o advogado com uma troca de emails onde se falava no assunto “Football Leaks”. O advogado diz que nunca soube o que isso era uma vez que estava focado num simples contrato de prestação de serviços que era o que estava em causa entre Rui Pinto e a Doyen.
No inicio da sessão Aníbal Pinto voltou a sublinhar que "em momento algum ponderei receber fosse o que fosse neste contrato” que foi negociado e discutido sempre com sigilo pedido por Rui Pinto.
O contrato seria confidencial e sem revelação dos nomes dos envolvidos até à sua assinatura garante o advogado, Aníbal Pinto.
A defesa da Federação Portuguesa de Futebol quis saber se o advogado considerava que Rui Pinto era capaz de entrar nos servidores da Federação, ao que Aníbal Pinto respondeu: "não sei, nunca o vi ao computador".
O julgamento de Rui Pinto continua na quarta-feira, no Campus da Justiça no Parque das Nações, em Lisboa.