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Covid-19

Médicos e administradores apreensivos com plano Outono-Inverno. “Há muita comunicação e falta ação”

21 set, 2020 - 18:57 • Pedro Mesquita e Sérgio Costa, com redação

O Plano da Saúde para o Outono-Inverno prevê a criação de uma "task-force" para dar resposta aos doentes não Covid-19, um sistema de vigilância epidemiológica, hospitais de retaguarda para evitar internamentos por razões sociais e o uso de máscara ao ar livre sempre que não esteja garantido o distanciamento físico mínimo de dois metros.

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Os administradores hospitalares e a Ordem dos Médicos estão apreensivos com o Plano da Saúde para o Outono-Inverno.

O presidente da Associação de Administradores Hospitalares diz que “há muita comunicação e falta ação”. Em declarações à Renascença, Alexandre Lourenço sublinha que a rede de hospitais “Covid Free” já devia estar constituída, mas só agora foi anunciada.

“Estou apreensivo. O documento, tal como existe hoje, podia ter sido apresentado em junho ou julho, sem grande surpresa. Estávamos à espera que esta rede [de hospitais ‘Covid Free’] já estivesse constituída, não era preciso anunciá-la”, afirma Alexandre Lourenço.

O Plano da Saúde para o Outono-Inverno prevê a criação de uma "task-force" para dar resposta aos doentes não Covid-19, um sistema de vigilância epidemiológica, hospitais de retaguarda para evitar internamentos por razões sociais e o uso de máscara ao ar livre sempre que não esteja garantido o distanciamento físico mínimo de dois metros.

"Falta saber como fazer na prática"


Também ouvido pela Renascença, o bastonário da Ordem dos Médicos mostra-se preocupado com o documento divulgado esta segunda-feira. “Temos muitas intenções, mas falta saber como fazer na prática”, afirma Miguel Guimarães.


“Numa análise rápida, o documento tem uma série de princípios, mas depois faltam as metas e como fazer”, alerta o bastonário.

É “absolutamente essencial” dar resposta aos doentes não Covid-19 “que seja recuperadora da atividade perdida”, mas o plano Outono-Inverno não avança com medidas concretas, sublinha Miguel Guimarães.

“Uma coisa é dizer que está previsto haver hospitais Covid e Covid Free, a verdade é que não estão definidos quais vão ser os hospitais Covid Free. Para termos hospitais Covid Free, precisamos ou não de ter mais infraestruturas”, questiona o responsável da Ordem dos Médicos.

Perante um cenário de mil novos casos de Covid-19 por dia, como admitiu o primeiro-ministro, a situação no Serviço Nacional de Saúde poderá ser problemática nos próximos meses, adverte.

“Se começamos a ter mil casos por dia, é evidente que o sistema de saúde começa a ficar saturado, e se nós não tivermos antecipadamente definido que, se o SNS não conseguir dar a resposta adequada, teremos que estender a nossa atividade ao setor social e privado para nos ajudarem, para termos hospitais só para doentes não Covid e outros onde tratamos prioritariamente doentes Covid, é evidente que depois vamos um bocadinho correr atrás do prejuízo”, afirma Miguel Guimarães.

“Isto ou está previamente definido ou não está”, sublinha o bastonário.

O bastonário da Ordem dos Médicos destaca três medidas “importantes” que fazem parte do plano Outono-Inverno: uso de máscaras em locais públicos em que o distanciamento social não é possível, utilização de testes rápidos para quebrar cadeias de transmissão e hospitais de retaguarda para não saturar os hospitais principais.

O Plano da Saúde para o Outono-Inverno 2020-21 foi apresentado pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, na conferência de imprensa de atualização de informação relativa à infeção pelo novo coronavírus.

Sales referiu que "proteger os mais vulneráveis e preparar a resposta ao crescimento epidémico da Covidd-19" estão entre os principais objetivos desta estratégia.

Segundo a DGS, é "um documento dinâmico que, ainda receberá, contributos do Conselho Nacional de Saúde e do Conselho Económico e Social e que será revisto" de dois em dois meses.

O boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) aponta para mais oito mortos e 623 infetados com Covid-19.

No total, Portugal tem neste momento 21.544 casos ativos da doença (mais 475 do que nas últimas 24 horas). É o maior número de casos ativos dos últimos quatro meses, altura em que a DGS adotou uma mudança de critério na definição dos recuperados.

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