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Covid-19

Zaragatoas em pleno século XXI? O problema está em encontrar o vírus

25 set, 2020 - 14:18 • Pedro Mesquita

Ainda vamos ter de esperar até que se invente um método menos incómodo para detetar um vírus como o que provoca a Covid-19, diz o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública.

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Muitos portugueses perguntam-se como é que, em pleno século XXI, na era da tecnologia e da inteligência artificial, ainda seja necessário enfiar uma zaragatoa nariz adentro para saber se se está infetado com o novo coronavírus.

Olivier Bonamicci, jornalista francês em Portugal e colaborador da Renascença, queixou-se disso mesmo nesta sexta-feira, durante o programa Visto de Fora.

Porque é que o método usado continua a ser tão arcaico?

Segundo Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, vamos ter que esperar um pouco mais para existir um método menos incómodo. A ciência leva tempo e é preciso garantir que as novas tecnologias são fiáveis e seguras.

Para identificar a presença do SARS-COV-2 no organismo, é preciso fazer a recolha de material do vírus, onde ele estiver. E onde é que ele pode ser encontrado? Tanto pode ser na nasofaringe (bem lá atrás no nariz) ou na boca (na orofaringe...bem lá atrás na boca).

E a única forma de recolher esse material, por agora, é com a ajuda de uma zaragatoa – ou seja, um grande cotonete.

A ideia é recolher uma amostra que, depois de processada em laboratório, torna possível perceber se a pessoa está infetada.

Mas há outras tecnologias já em desenvolvimento. Por exemplo, com recurso à saliva. Mas essa técnica ainda está em fase de estudo.

Entre as pessoas que já fizeram o teste, há as que dizem que custa bastante e as que não custa nada. Como se pode reduzir o incómodo?

“Agradável nunca será", garante Ricardo Mexia. O grau de desconforto vai depender muito da ansiedade da pessoa e do operador.

O nosso nariz tem uma série de estruturas sensíveis que, quando o cotonete lhes toca, gera incómodo, explica o médico de saúde pública.

Se a pessoa estiver calma, é desconfortável mas não é doloroso; se a pessoa se mexer e se a zaragatoa tocar nesses pontos sensíveis de uma forma mais vigorosa pode causar um pouco de dor.

Aconselha-se que a pessoa esteja o mais tranquila possível e que não faça movimentos bruscos.

E os testes rápidos? Serão menos incómodos?

Não. Para a pessoa que é testada, será praticamente a mesma coisa. A diferença é que o objetivo dos testes antigénio (os chamados testes rápidos) é identificar uma proteína do vírus: o antigénio.

Mas, tal como nos outros, é preciso fazer a colheita com uma zaragatoa. A técnica de colheita é muito semelhante. Mas, depois, o processamento será muito mais rápido e até pode ser feito no local – ou seja, a pessoa ficara a saber o resultado muito mais rapidamente.

E os testes serológicos?

Estes, sim, são bem mais simples, porque são feitos com base numa colheita de sangue. Não há zaragatoas. A agulha é (ou poderá ser) o único incómodo.

Mas atenção: o teste serológico não permite saber se a pessoa está infetada – apenas permite perceber se já foram desenvolvidos anticorpos para o vírus.

A questão é que a produção de anticorpos não é imediata quando existe um contacto com o vírus. A probabilidade de existirem anticorpos numa fase inicial é muito baixa. Na prática, uma pessoa poderá estar infetada e dar resultado negativo num teste serológico.

Também é verdade que um dos marcadores analisados no teste serológico é o marcador de infeção ativa. Se esse indicador existir, significa que pode haver infeção. Isto não deve, contudo, servir de diagnóstico. Nesse caso, terá de ser feito o teste à Covid-19, com recurso à zaragatoa, para confirmar.

Comentários
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  • VITOR GOMES
    26 set, 2020 PORTO 08:37
    Infelizmente a ciência está cada vez mais atrasada!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Tudo o que vem a inventar, resta numa forca!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Era melhor não termos nada......
  • José Carlos Fernandes Maia
    26 set, 2020 01:30
    Já se torna um pouco irritante ver sempre a mesma imagem de dor a acompanhar todas as noticias sobre testes!!

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