25 set, 2020 - 07:35 • Anabela Góis
Veja também:
Ainda estão a ser constituídas as brigadas de intervenção rápida para os lares, que afinal não vão ter médicos em permanência. É o que revela à Renascença o presidente da Cruz Vermelha, que está a coordenar a constituição destas equipas.
O Governo tinha garantido que as equipas estariam prontas até ao final deste mês, mas Francisco George não se compromete com uma data.
Está prevista a criação de 18 equipas multidisciplinares – uma por distrito, que serão compostas por médicos, enfermeiros, psicólogos e auxiliares de ação direta e auxiliares de serviços gerais e com capacidade de resposta 24 horas por dia. No total, serão necessários cerca de 400 profissionais.
O presidente da Cruz Vermelha Portuguesa avança ainda que estas equipas não vão ter médicos em permanência. Quando forem necessários, serão recrutados a empresas de prestação de serviços.
Estava previsto que as equipas de intervenção rápida estivessem a funcionar até ao final de setembro. Qual é a situação?
Estava previsto e continua a estar. O processo organizativo está a decorrer e tudo indica que, no final do mês ou no início de outubro, as brigadas estarão preparadas para desenvolver as atividades previstas no âmbito dos lares com problemas, nomeadamente no âmbito desta pandemia da Covid-19.
Foram anunciadas 18. Uma por distrito. Quantas é que estão constituídas neste momento?
Todas as brigadas estão em fase de construção adiantada e praticamente preparadas para iniciar os trabalhos.
No último fim de semana, o diretor de operações da Cruz Vermelha dizia que não tinham conseguido contratar ainda qualquer médico. O problema foi ultrapassado?
Não, a Cruz Vermelha decidiu fazer uma coisa diferente. Propôs fazer contratos com empresas de médicos que, em caso de chamada, comparecem no lar em causa.
Portanto, médicos tarefeiros que ficarão de chamada?
Ficarão de chamada. Mas não é uma questão de serem tarefeiros ou não. São médicos que trabalham para empresas especializadas na área da prestação de cuidados médicos e que, no caso de serem chamados, comparecem para apoiarem as iniciativas que possam eventualmente decorrer neste ou naquele lar e que careçam de cuidados médicos
Quem é que paga? Sendo contratados a uma empresa estes médicos são mais caros.
Naturalmente que os serviços da Cruz Vermelha Portuguesa encarregar-se-ão de acordar os pagamentos com essas empresas. Faz todo o sentido utilizar médicos que, por chamada, comparecem nos locais onde são necessários para exercerem a profissão, para prestarem cuidados médicos quando necessário.
E vai haver contratos destes em todos os distritos?
Exatamente.
Em relação aos enfermeiros, também houve problemas nas contratações. Já foram resolvidos?
Tem havido uma grande colaboração por parte da Ordem dos Enfermeiros. Foram apresentadas candidaturas de muitas dezenas de enfermeiros que estão em fase de seleção. Há uma tabela que estipula o número de pessoal especializado por cada brigada porque, naturalmente, Bragança não é igual a Lisboa e Lisboa não é igual a Beja, portanto, temos aqui uma distinção no continente, nos 18 distritos, em função da população residente, e dos problemas existentes em cada um deles e até do numero de lares e assim foram estimadas em termos de planeamento a composição das brigadas.
Essa bolsa de enfermeiros também é paga acima do valor normalmente pago no SNS?
Sim, é verdade. Isso foi estipulado em conversações com a Ordem dos Enfermeiros, nomeadamente, com a vice-presidente da Ordem, e estão a correr com toda a normalidade.
E a contratação dos restantes profissionais (auxiliares e ajudantes, psicólogos...) também está em curso?
Sim, está. E não estou nada preocupado com a entrada em funcionamento destas brigadas.
Nos últimos dias, tem-se falado muito dos testes de antigénio de leitura rápida que a Cruz Vermelha colocou ao dispor do Governo. Francisco George garante que não há qualquer polémica com o Ministério da Saúde e, também, que está em sintonia com os peritos.
Em causa estão 500 mil testes de deteção da Covid-19 que, segundo o presidente da Cruz Vermelha, podem fazer diferença no controlo de um surto, uma vez que os resultados são conhecidos em cerca de meia hora.
A ministra da Saúde prometeu definir, até ao final da semana, as circunstâncias em que podem ser utilizados estes testes rápidos, sublinhando que a fiabilidade dos resultados é uma preocupação.
Terá que ser o serviço público – neste caso concreto, a Direção-Geral da Saúde – a decidir das normas para serem afinadas, se for caso disso, a fim de permitirem a intervenção e a utilização destes testes. Agora, devo dizer que o programa de contingência para o outono/inverno da DGS, que acaba de ser divulgado, prevê o uso de testes de antigénio de resposta rápida, que são estes de que estamos a falar e que acabam de chegar ao mercado.
No dia em que o Ministério da Saúde decidir onde e quando estes testes vão ser usados, quanto tempo levará até estarem em Portugal?
Logo no dia seguinte.
Entretanto, já a partir da próxima semana, a Cruz Vermelha Portuguesa vai ter capacidade para fazer mais 3.500 testes de diagnóstico de Covid-19 por dia, em Lisboa…
Numa parceria que foi estabelecida com o Instituto de Medicina Molecular e com financiamento da Fundação Francisco Manuel dos Santos, estamos, a partir da próxima semana, em condições de fazer 3.500 testes por dia, em Lisboa, vamos recolher zaragatoas e fazer análises num posto fixo que será instalado no antigo Hospital da Força Aérea, que é agora o Hospital das Forças Armadas, ao Lumiar, mas também terá brigadas móveis a partir desta base fixa.
E o programa de testes de antigénio, com leitura rápida?
Foi montado na central de coordenação de Coimbra um telefone com um número muito fácil de memorizar para marcar análises, saber resultados e para informações. Esse telefone já está a funcionar – é o 1415 – ao longo do dia poderão saber informações especificas sobre a atividade da Cruz Vermelha Portuguesa no âmbito deste programa de testes de diagnóstico da Covid-19.
O Hospital da Cruz Vermelha vai continuar fora do circuito Covid? No início da pandemia ainda anunciou que seria um hospital para tratar infetados, mas foi contrariado pelo corpo clínico.
É verdade, mas esse assunto não voltou a ser debatido. Na última primavera, a maioria dos médicos do Hospital da Cruz Vermelha entendeu que não tinha condições para tratar doentes infetados.
E agora?
Não voltámos a discutir essa situação.
Covid-19 em Portugal
Portugal pode atingir em outubro mais de 1.700 cas(...)