02 out, 2020 - 17:43 • João Cunha
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Espiçandeira não tem mais do que 150 habitantes. A terra rural e de ruas estreitas, na freguesia de Meca, em Alenquer, tem sido notícia nacional nos últimos dias devido a um surto de casos de Covid-19.
O fogo teve início num convívio de reformados que se juntaram numa "almoçarada", a seguir à qual se reuniram, como todos os dias, para jogar às cartas. Lá se sentaram nos bancos de pedra junto a uma mesa do mesmo material, colocada debaixo de uma das árvores da pequena zona de lazer, à entrada da aldeia.
"Eles fizeram um almoço, metem-se a beber e na volta, beberam do copo uns dos outros, não sei, e apanharam", conta Carla Pereira, residente na aldeia, que chega de máscara para apanhar o autocarro que a levará a Alenquer.
O cunhado de Carla foi infetado. "Ele assim que soube enfiou-se logo em casa, depois de fazer o teste. Mas há muitos que têm e andam aí, saem para despejar o lixo e fazem como se nada fosse".
Não usam máscara. E mesmo que se cruzem com um dos vizinhos, são bem capazes de dar dois dedos de conversa. Outro local onde o fazem normalmente é no único café existente em Espiçandeira, que hoje está fechado para desinfeção.
Avis, Marvão e Vila Nova de Paiva juntam-se à list(...)
Próximo do café há uma zona com tanques públicos para lavar roupa. Robertina Anselmo chega com um alguidar de roupa. Fartou-se de avisar o marido, um dos jogadores de sueca que se juntou com amigos na tal mesa debaixo de uma árvore, à entrada da aldeia.
“Oh Carlos, lava as mãos. Oh Carlos, não te sentes lá. Mas olhe…juntavam-se, estavam todos sem máscara”, relata.
Carlos nunca ligou aos pedidos da mulher mas, por sorte, não ficou contaminado. Desde então, Robertina fala dos recentes casos para tentar manter o marido em casa. Há dias em que não consegue.
Nesta freguesia de Alenquer, município do distrito de Lisboa, onze pessoas estão infetadas com Covid-19, na sequência de convívios ao ar livre. Esta sexta-feira, Meca regista 21 casos ativos.