07 out, 2020 - 14:53 • Lusa
As áreas metropolitanas do Porto e Lisboa vão pedir ao ministro do Ambiente que reequacione o aumento "desmesurado" da Taxa de Gestão de Resíduos previsto para 2021, avisando para o impacto da sua aplicação, que consideram "injusta" e "errada".
O anúncio foi esta quarta-feira feito pelo presidente da Área metropolitana do Porto (AMP), Eduardo Vítor Rodrigues, que esta manhã esteve com o seu homólogo de Lisboa, Fernando Medina, no Porto, numa reunião preparatória para a cimeira das duas áreas metropolitanas, que deverá acontecer em novembro, ainda a data a definir.
No encontro, ficou definido solicitar uma reunião de trabalho com o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes.
O objetivo, Eduardo Vítor Rodrigues, é que ministro reequacione "a aplicação do aumento absolutamente desmesurado da taxa de resíduos sólidos", que, em janeiro de 2021, deverá ter um aumento de 100%.
"Isso significa quer ao orçamento municipal, quer ao orçamento das famílias a quem pode ser imputado esse aumento valores muito significativos que urge acautelar desde já", defendeu.
Medidas vão já ter efeito no que respeita aos ater(...)
Eduardo Vítor Rodrigues, que lidera também a Câmara de Vila Nova de Gaia, explicou que, por um lado, urge verificar a "racionalidade da taxa", algo que suscita às duas áreas metropolitanas "a maior das dúvidas", e por outro lado, o momento da sua aplicação.
"Talvez 2021, no meio desta crise pandémica, económica e social, não seja propriamente o momento para a ERSAR [Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos] e o próprio Governo definirem aumentos de 100% na taxa de tratamento de resíduos sólidos", afirmou.
O autarca considera que, a materializar-se este aumento, só há dois caminhos: ou os municípios, reconhecendo as dificuldades que as famílias estão a viver, internalizam este aumento como um "impacto brutal no orçamento municipal", ou, em alternativa, o fazem repercutir, como é "normal", no cliente final.
"Em qualquer dos casos é uma situação absolutamente injusta e decorre de um pressuposto que, a nosso ver, é um pressuposto errado: quanto mais se taxa um comportamento, mais se consegue mudar esse comportamento", disse.
Eduardo Vítor Rodrigues considerou que está por demonstrar que seja assim, e argumenta que os comportamentos se mudam através da sensibilização e de ações pedagógicas e não com este "mecanismo de punição", que duplica uma taxa que já merecia, para os municípios das duas áreas metropolitanas, "muitas reservas conceptuais".
O presidente da AMP salientou que este aumento "surpreendente" surge no pior dos momentos para os municípios, mas particularmente para as famílias.
Aos jornalistas, o autarca adiantou que o pedido de reunião com o ministro do Ambiente vai seguir em nome das duas áreas metropolitanas, e admitiu que a "sensibilização" possa ser apresentada junto dos diferentes partidos políticos com assento parlamentar.
O Governo aprovou em setembro o aumento da Taxa de Gestão de Resíduos (TGR), mas decidiu que o novo valor só comece a ser pago no início do próximo ano.
O objetivo é incentivar ainda mais "a redução da produção de resíduos, estimular o cumprimento dos objetivos nacionais na matéria e desincentivar a entrada de resíduos provenientes de outros países".