17 out, 2020 - 23:37 • Lusa
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O primeiro-ministro admite que “houve má compreensão e seguramente má explicação” sobre a utilização obrigatória da aplicação StayAway Covid, em relação à qual há um “grande desconhecimento”, e considerou ser “mais restritivo das liberdades” a obrigatoriedade da máscara.
Enquanto secretário-geral socialista, António Costa participou este sábado à tarde num encontro digital promovido pelo PS e foi questionado sobre as críticas à proposta de lei do Governo que torna obrigatório o uso de máscara na rua e a utilização da aplicação de telemóvel StayAway Covid em contexto laboral ou equiparado, escolar e académico, sob pena de multa até 500 euros.
“Pessoalmente, devo dizer-lhe que considero que até é mais restritivo das liberdades a obrigatoriedade do uso da máscara, que parece que teve um consenso total, do que propriamente ter uma aplicação com que eu ando desde o dia 1 de setembro e que nunca me senti minimamente incomodado ou limitado, enquanto com a máscara, para ser sincero, não só me sinto incomodado, como me sinto limitado”, respondeu à jornalista Maria Elisa, que conduziu a sessão.
Na perspetiva de António Costa, “há grande desconhecimento sobre a aplicação” e isso explica “grande parte da reação”.
Não quero. Não tenho dinheiro para pagar 500 euros(...)
“Eu acho que houve má compreensão e seguramente má explicação”, disse, deixando claro que do ponto de vista da proteção dos direitos, liberdades e garantias “não há rastreabilidade dos movimentos e é preservado totalmente o anonimato”.
Para o líder socialista, “há um ganho enorme” que se obteve que foi o facto de “as pessoas voltaram a estar alerta para a necessidade de controlarem os seus comportamentos e através dos seus comportamentos controlarem a expansão da pandemia.
O primeiro-ministro justificou esta proposta de lei com a necessidade de “dar uma indicação clara” que não se podia “continuar a deixar andar e que era preciso que as pessoas alterassem o comportamento”.
“Uma das razões pela qual eu tive dúvidas sobre a oportunidade do estado de emergência [quando foi acionado] é porque tive a perceção que se calhar mais tarde seria mais útil o estado de emergência, porque naquela altura as pessoas estavam voluntariamente a ficar em casa”, admitiu.
Segundo o chefe do executivo, “desde o apelo no Conselho de Ministros até agora já houve um crescimento muito significativo do número de descargas” da aplicação.
Nas últimas 24 horas, as autoridades de saúde registaram mais 2.153 novas infeções de Covid-19 e mais 13 óbitos associados à doença. É o que revela o mais recente boletim epidemiológico da Direção-Geral de Saúde (DGS).
Contudo, este sábado regista também um grande número de pessoas dadas como recuperadas: mais 1.853 do que na sexta-feira. É o número diário mais alto desde 24 de maio, dia em que foram registados 9.844 casos de recuperação.