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Dia Mundial de Combate ao Bullying. "Ajudar o agressor é a melhor forma de proteger a vítima"

20 out, 2020 - 08:40 • Sofia Freitas Moreira , Beatriz Lopes (entrevista)

PSP reconhece que a comunidade escolar tem estado mais atenta ao problema do bullying. "Temos assistido a um aumento do número de injúrias e ameaças e a uma diminuição do número de ofensas corporais".

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Estão a ser denunciados cada vez mais cedo os episódios de bullying nas escolas. A conclusão é da PSP, que tem tentado prevenir este tipo de crimes através do programa Escola Segura.

No Dia Mundial de Combate ao Bullying, que se assinala esta terça-feira, os dados da Polícia de Segurança Pública revelam que, apesar de nos últimos cinco anos terem aumentado as queixas relacionadas com injúrias e ameaças, são cada vez menos os episódios que chegam às agressões.

Ouvido pela Renascença, o intendente Hugo Guinote diz que este é um sinal claro de que a comunidade escolar está cada vez mais atenta.

“Temos assistido a um aumento do número de injúrias e ameaças e a uma diminuição do número de ofensas corporais. A comunidade escolar, seja a PSP, as escolas e, sobretudo, os próprios alunos estão cada vez mais despertos para este problema”.

O intendente explica que esta maior atenção leva a uma intervenção mais rápida sobre os casos, “evitando que aumentem o seu grau de gravidade até que cheguem às ofensas corporais”.

No ano letivo 2013/2014 foram reportadas à PSP 557 queixas relacionadas com injúrias e ameaças, um número que subiu para 721 no ano letivo passado. São os dados mais recentes que contam para estatística, tendo em conta que a pandemia levou à paragem de aulas. Em sentido inverso, o número de queixas relacionadas com ofensas corporais tem vindo a descer - no mesmo período foram contabilizadas 1.352 queixas.

Questionado se a falta de funcionários nas escolas e a consequente falta de vigilância pode fazer crescer as situações de bullying, o intendente Hugo Guinote afasta preocupações, sublinhando que, por norma, as denúncias são feitas por amigos próximos da vítima, “seja dissuadindo aqueles que praticam o bullying, seja denunciando as situações de bullying que constatam”.

A PSP alerta para a necessidade de dar maior atenção aos comportamentos de ciberbullying, que passaram a ter uma maior expressão por causa do distanciamento social exigido pelo combate à pandemia. “Com as atividades escolares suspensas, os alunos deixaram de se encontrar no espaço escolar e, por isso, houve menos injúrias, ameaças e também menos agressões. No entanto, foram chegando algumas participações relacionadas com o Ciberbullying, embora em número muito residual.”

Dá ainda exemplo de alguns sinais a que os pais devem estar atentos e que podem denunciar uma eventual situação de violência física ou psicológica.

“Os fatores comportamentais que podem ser notados nas vítimas são o desinteresse pelas atividades escolares ou de lazer, começar a praticar alguma violência com os irmãos ou animais domésticos, pequenos episódios de automutilação, tentativa ou ameaça de suicídio e mudança do grupo de amigos”, indica o intendente como sendo “sempre alguns sinais que podem denotar problemas relacionados com a prática prolongada de bullying”.

A PSP iniciou, na segunda-feira, a segunda operação deste ano no âmbito do programa Escola Segura, uma operação que tem por título "bullying é para fracos" e que tenciona mudar paradigmas, começando, desde logo, por ajudar também o agressor.

Ajudar o agressor é, na verdade, a melhor forma de proteger a vítima. O bullying é, efetivamente, a exteriorização de um sentimento de insegurança e de fraqueza”, remata.

O intendente Hugo Guinote deixa ainda o aviso de que as denúncias de bullying ou de qualquer outra informação podem ser reportadas através do email escolasegura@psp.pt.

Segundo o Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), uma em cada três crianças do mundo, entre os 13 e os 15 anos, é vítima de bullying na escola regularmente, sendo este um dos contextos em que o bullying mais se faz sentir.


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