19 out, 2020 - 18:03 • Manuela Pires , Filipe d'Avillez
Um mês depois do início das aulas há ainda milhares de alunos sem professores e muitos a várias disciplinas.
O ministro da Educação reconhece que há falta de professores em algumas regiões do país, mas recusa adiantar um número. Tiago Brandão Rodrigues lembra que as escolas podem agora recorrer a docentes não profissionalizados.
“Os diretores, na contratação de escola, têm a possibilidade de contratarem utilizando outras ferramentas, isto é, na eventualidade de não terem um professor profissionalizado, poderem recorrer a outros docentes, que não são profissionalizados, ou poderem recorrer a outros profissionais. Isso já acontece e está nas normas. O que fizemos em janeiro foi recordar as escolas dessas normas. Não precisamos de recordar as escolas, porque já conhecem as normas”.
Tiago Brandão Rodrigues explica que a colocação de professores tem várias fases e que as escolas têm várias opções. “Todas as semanas temos reservas de recrutamento a dar resposta. O que eu lhe posso dizer é que as duas reservas de recrutamento onde eventualmente não existe nenhum interessado, ou a pessoa que foi colocada não aceitou, o que importa é que a escola tem livre arbítrio e tem a capacidade para, por um lado usar horas extraordinárias, o que muitas já estão a fazer, e por outro lado fazerem contratação de escola.”
Filinto Lima, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas, confirma que esta é uma solução ao alcance das escolas, mas avisa que o custo é a diminuição da qualidade. “Vamos baixar o patamar da qualidade. São pessoas sem estágio, sem profissionalização, que em princípio não vão enveredar pela carreira do ensino.”
“Vamos baixar a qualidade dos nossos professores que, atualmente, é muito elevado. Temos professores muito habilitados, muito experientes e não queremos regredir a práticas do século passado, onde nos anos 80 e 90 chegavam professores com as habilitações mínimas ou suficientes”, afirma, em declarações à Renascença.
Certo é que há alunos que não têm quatro ou mais professores e a situação tende a agravar-se, daí que o Ministério da Educação esteja já a trabalhar com as universidades para cativar jovens para a profissão, diz o ministro.
“Nós temos de continuar a trabalhar com as instituições de ensino superior, algo que já estamos a fazer, para reforçar o número de pessoas que são atraídas pelo curso de ensino e que verdadeiramente possam estudar os cursos pedagógicos.”
“Este ano letivo e no anterior tivemos um número superior de candidatos, e assim temos de continuar a fazer”, conclui.