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Covid-19: Cerca de metade dos professores universitários com fadiga elevada e exausão

26 out, 2020 - 16:21 • Lusa

Estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto indica que “mais de metade dos docentes estavam, por vezes ou mesmo muitas vezes, particularmente sensíveis, intolerantes, agitados, com dificuldades em relaxar ou em acalmar”. Ao todo, 37% dos docentes sofreram ‘burnout’ associado à atividade profissional.

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Cerca de metade dos docentes do Ensino Superior apresenta fadiga elevada e exaustão durante a pandemia de covid-19, concluiu um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto divulgado esta segunda-feira.

A investigação, que resultou de uma colaboração com o CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde e Escola Superior de Educação do Politécnico do Porto, com coordenação de Ivone Duarte e Carla Serrão, indica que “mais de metade dos docentes estavam, por vezes ou mesmo muitas vezes, particularmente sensíveis, intolerantes, agitados, com dificuldades em relaxar ou em acalmar”.

Ao todo, 37% dos docentes sofreram ‘burnout’ associado à atividade profissional, que se refere a um prolongado estado de fadiga físico e exaustão psicológica percecionado como decorrente do exercício da atividade profissional.

Cerca de um quarto dos docentes referiu sintomas de ansiedade e/ou de depressão e 60% dos inquiridos referiram dificuldades em adormecer ou em dormir sem interrupções.

Este estudo mostra igualmente que, durante a pandemia, 96% dos professores do Ensino Superior deram aulas à distância, sendo que o Zoom foi a plataforma mais usada. No entanto, 77% não tinham qualquer experiência prévia de ensino à distância.

As investigadoras concluem que “a situação pandémica obrigou a uma abrupta adaptação, com múltiplas exigências e desafios sociofamiliares e profissionais”.

“A incerteza, a necessidade de dar resposta a desafios emergentes, a baixa literacia digital, a ausência de formação e de experiência de ensino através de plataformas online e a ausência de apoio de equipas de tecnologia educacional, que não tiveram mãos a medir, são algumas variáveis que podem explicar estes dados”, sustentam, em comunicado.

Ao todo, 355 docentes do continente e ilhas participaram neste inquérito online, que decorreu entre 19 de junho e 30 julho.

Os docentes auscultados eram sobretudo do sexo feminino (66,5%), perto de 68% tinha mais de 15 anos de experiência docente e 85% davam aulas em instituições públicas e mais de 82% das respostas eram relativas à região Norte do país.

Face a estas conclusões, as coordenadoras do estudo avisam: “É urgente que as instituições de Ensino Superior proporcionem soluções imediatas na resposta a necessidades quer instrumentais, quer socioemocionais, a este grupo em particular”.

A equipa já havia realizado um estudo que analisou o impacto da pandemia em profissionais de saúde e deve centrar-se agora na análise das perceções dos docentes relativamente ao “Ensino remoto de emergência”, designadamente quanto às suas vantagens e desvantagens, as preocupações e as soluções.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 43 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 2.316 pessoas dos 118.686 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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