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Covid-19: Matosinhos impõe novos horários no comércio/restauração e defende confinamento parcial

28 out, 2020 - 13:57

“Importa que haja orientações nacionais. O risco que corremos é no Natal estarmos em confinamento e interessa agora tomar medidas. Que se tracem medidas agora, para não se terem de tomar medidas mais sérias no futuro”, defende a autarca Luísa Salgueiro.

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A Câmara de Matosinhos decretou esta quarta-feira o encerramento dos estabelecimentos de comércio a retalho e de prestação de serviços às 21h00, dos restaurantes às 22h00 e o reforço do policiamento a partir deste fim de semana.

Em conferência de imprensa, a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro afirmou que a adoção destas medidas “vai permitir combater esta fase mais dura”, sem que seja necessária “uma rutura dos serviços de saúde”.

Os membros da saúde pública presentes na iniciativa destacaram que, no inicio do mês de outubro, a incidência de infeções pelo novo coronavírus naquele concelho do distrito do Porto era de 5,3 casos por 100 mil habitantes, situando-se neste momento nos 93,52 casos por 100 mil habitantes.

“Nenhum autarca quer tomar medidas destas, mas é fundamental achatar a curta da evolução da pandemia”, destacou Luísa Salgueiro, acrescentando que as decisões foram tomadas no âmbito da Comissão Municipal da Proteção Civil (CMPC).

A partir deste fim de semana, todos os estabelecimentos de comércio a retalho e de prestação de serviços, incluindo os que se encontram em conjuntos comerciais, são obrigados a encerrar às 21:00.

Os restaurantes passam a encerrar às 22h00, sendo, no entanto, permitida a permanência dos clientes no interior dos estabelecimentos até às 23h00.

Nas ruas, haverá um reforço de policiamento para o cumprimento das medidas e será obrigatório o controlo do número de pessoas no interior de todos os estabelecimentos.

A autarquia decidiu ainda reduzir para metade o número de feirantes e vendedores de produtos não essenciais nas feiras, sendo que os mesmos serão “alternados a cada semana”.


O CMPC definiu também lotações específicas para os cemitérios com base nos espaços de circulação - medida só entra em vigor no próximo fim de semana – bem como o reforço do cumprimento das medidas de prevenção em locais de culto e religiosos.

Além disso, estão suspensas as reuniões presenciais dos órgãos autárquicos municipais e as atividades culturais e recreativas de âmbito municipal.

A autarquia vai ainda recomendar a todas as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPPS) que sejam suspensas as visitas aos lares e que estas instituições, bem como as que tem internamento, adotem “métodos de trabalho em espelho”.

Também aos jardins-de-infância e creches é recomendado que adotem modelos de “bolha”, isto é, que cada funcionário e educador seja “exclusivo” por turma.

Na sessão, Jaime Batista e Diogo Almeida, membros da saúde pública, afirmaram existir “transmissão [da doença] na comunidade”, algo “difícil de controlar e de identificar”.

Segundo os responsáveis, neste momento 3.154 pessoas estão em vigilância, sendo que as gerações mais novas são as mais “afetadas”.

Na conferência esteve ainda presente o presidente do concelho administrativo do hospital Pedro Hispano, António Taveira Gomes, que afirmou que, neste momento, aquela unidade hospitalar tem 62 doentes internados, dos quais 43 em enfermaria, seis em cuidados intermédios e 13 em unidades de cuidados intensivos.

Segundo o responsável, a unidade de saúde “poderá expandir” até aos 74 doentes em enfermaria, 25 doentes em cuidados intermédios e 21 em unidades de cuidados intensivos.

"O risco que corremos é no Natal estarmos em confinamento"

Além destas medidas, a Câmara de Matosinhos vai propor ao Governo que decrete o dever de permanência no domicílio, exceto em circulações autorizadas, e que implemente, até 15 de novembro, o ensino à distância para 3.º ciclo, secundário, ensino profissional e universitário.

A autarca Luísa Salgueiro afirma ser “essencial” que o Governo adote “medidas supramunicipais” na Área Metropolitana do Porto (AMP).

“Importa que haja orientações nacionais (…). O risco que corremos é no Natal estarmos em confinamento e interessa agora tomar medidas. Que se tracem medidas agora, para não se terem de tomar medidas mais sérias no futuro”, defendeu a autarca socialista.

Nesse sentido, a Comissão Municipal da Proteção Civil (CMPC) vai propor ao Governo que decrete o dever de permanência nos domicílios, à exceção das circulações autorizadas, nomeadamente para atividades profissionais, saúde, aquisição de bens essenciais, fruição ao ar livre, assistência a pessoas vulneráveis e frequência de estabelecimentos escolares.

“Queremos uma atuação do Governo e fico satisfeita que já tenha sido convocado um Conselho Ministros extraordinário para sábado”, destacou Luísa Salgueiro.

A autarca salientou ainda que, neste momento, 130 turmas do concelho estão em quarentena e que “o maior número de situações de confinamento resulta de casos no meio escolar”.

Por essa razão, a CMPC vai também propor ao Governo que seja implementado, até 15 de novembro, o ensino à distância para os alunos do 3.º ciclo, ensino secundário, profissional e universitário.

Segundo Luísa Salgueiro, face à idade destes estudantes, o ensino à distância não condicionará os agregados familiares, pelo que a intenção é que a medida seja “transitória” e reavaliada consoante a evolução da situação epidemiológica.

Paralelamente, a CMPC vai também propor a partilha da localização georreferenciada dos casos de infeção e das suas quarentenas com os serviços municipais de Proteção Civil, bem como os locais de deteção de surtos.

Além destas medidas, pretende-se ainda a criação de um dispositivo de reforço da capacidade operacional dos corpos de bombeiros para dar resposta à covid-19.

“Se não estancarmos já a situação, ela vai piorar mais à frente”, considerou Luísa Salgueiro, afirmando, em resposta aos jornalistas, estar a dialogar com os presidentes da Câmara de Vila Nova de Gaia e do Porto, bem como com o presidente da Comissão Distrital da Proteção Civil do Porto, autarca de Gondomar, Marco Martins.

Hoje, Marco Martins apresentou uma proposta ao Governo para que, em função do aumento crescente do número de casos de covid-19 na região, decrete o recolher obrigatório no distrito.

Em declarações à agência Lusa, Marco Martins disse ter falado com a maioria dos autarcas do distrito e que todos concordaram que

Em Portugal, morreram 2.371 pessoas dos 124.432 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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