04 nov, 2020 - 06:50 • Anabela Góis
O aviso consta de um relatório do Tribunal de Contas (TdC): A capacidade instalada do Serviço Nacional de Saúde (SNS) corre o risco de não ser suficiente para recuperar as consultas e cirurgias que foram adiadas por causa da pandemia, sem um aumento acentuado dos tempos de espera. Isto, porque são necessários cuidados adicionais para evitar contágios e vem aí uma maior incidência de casos.
Num documento agora divulgado são apontadas várias soluções.
Assim, no atual contexto justifica-se a criação extraordinária de incentivos para financiar o SNS, para além do aumento dos incentivos à recuperação da atividade adicional e até a criação de programas específicos, como aconteceu, por exemplo, com o Programa de Intervenção em Oftalmologia, para reduzir as listas de espera
Na sequência de uma ação de controlo à gestão da pandemia pelo Ministério da Saúde, o Tribunal de Contas conclui que a suspensão da atividade programada teve impacto diferente nas várias unidades. Foi mais sentida nos hospitais polivalentes menos diferenciados, como é o caso do Hospital do Médio Ave, um dos mais afetados. E diz também que tem sido muito diferente a capacidade de retomarem a atividade normal.
Os hospitais conseguiram recuperar algumas cirurgias, mas, na generalidade das unidades hospitalares, esse nível fica abaixo da atividade do ano passado. Aqui o Hospital Fernando Fonseca, na Amadora, é apresentado como mau exemplo, pois realizou menos 60% de cirurgias programadas do que no mesmo período do ano passado.
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Das 18 unidades hospitalares analisadas, só três conseguiram realizar mais intervenções cirúrgicas em junho do que no mesmo mês do ano passado: o Centro Hospitalar Tâmega e Sousa e os IPO de Lisboa e Coimbra. Em julho, eram oito as unidades hospitalares nessa situação.
Nos cuidados de saúde primários verificou-se alguma recuperação das consultas médicas no mês de junho, quando foram feitas mais 16% do que no mesmo período do ano passado, mas em julho a recuperação foi de, apenas, 3%.
Já nos contactos de enfermagem realizados não se verificou qualquer evolução.
Entre março e maio foram feitas menos 93 mil cirurgias, uma redução de 58%; menos quase 365 mil primeiras consultas hospitalares (- 40%) e houve menos 683.389 atendimentos nas urgências (- 44%).
Nos centros de saúde foram administradas menos 77.330 vacinas, uma diminuição de cerca de 13% face ao período homólogo. E 1.156.689 consultas presenciais ficaram por fazer (-15%), mas em mais de metade dos casos foram substituídas por teleconsultas.
O tempo de espera também se agravou. Para as consultas externas, nos hospitais, passou de 100 para 171 dias (média), com cerca de 69% dos inscritos já há espera para além do Tempo Máximo de Resposta Garantido (TMRG).
Nos inscritos para cirurgia, o tempo de espera passou de 106 para 147 dias, com cerca de 43% dos 242.408 utentes inscritos, a ultrapassar os TMRG.
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