13 nov, 2020 - 06:55 • Lusa
A elevada procura da vacina contra a gripe vai fazer com que nem todos consigam ser vacinados, mas a diretora-geral da Saúde assegura que as mais de dois milhões de doses abrangem a "grande maioria" dos grupos de risco.
Milhares de utentes dizem que não conseguem vacina contra a gripe, uma situação que Graça Freitas atribui à elevada procura e ao facto de, neste momento, o acesso ao centro de saúde poder ser mais difícil.
Mas a vacina vai continuar a ser administrada: "Neste momento já temos 1,8 milhões de doses entregues nos centros de saúde", disse a diretora-geral da Saúde em entrevista à agência Lusa.
Foram até agora vacinados 1,4 milhões de portugueses, tendo o Serviço Nacional de Saúde ainda em stock 400 mil doses. A última tranche de 270 mil vacinas deverá chegar na última semana de novembro.
"Como há uma grande procura, algumas pessoas vão ficar sem vacina, é óbvio que sim, basta fazer contas. Nós temos mais pessoas nestes grupos etários e nestes grupos de risco do que aquelas vacinas que o país conseguiu comprar, mas isso tem a ver com a disponibilidade de vacinas que havia a nível mundial", explicou Graça Freitas.
O Serviço Nacional de Saúde conseguiu um pouco mais de dois milhões de doses de vacinas, a somar às cerca de 500 mil no setor privado.
Contudo, nunca se vacinou tanto "em tão poucas semanas" como em qualquer outra época da gripe, apesar de todos os constrangimentos causados pela pandemia de Covid-19. "Nos outros anos costumamos vacinar cerca de 200 mil pessoas na primeira semana de vacinação e neste vacinamos 300 mil pessoas", elucidou Graça Freitas.
A última época gripal foi o ano em que se vacinou mais em Portugal, com a taxa de vacinação a ser das melhores da Europa nos idosos. Nos anos anterior, eram compradas cerca de 1,5 milhões doses de vacinas.
Relativamente à vacina contra a Covid-19, Graça Freitas afirmou que o Infamed tem um papel preponderante, mas que a Direção-Geral da Saúde criou uma Comissão Técnica de Vacinação que define, entre outras situações, os grupos de risco a vacinar.
Segundo a diretora-geral, há duas formas de se ponderar os grupos de risco, sempre na lógica de que deve ser vacinado primeiro quem mais beneficiar da vacina: os doentes e as pessoas mais velhas.
Há outro grupo "muito importante", que são os profissionais da saúde e os cuidadores que tratam populações vulneráveis.
"Portugal está em mecanismos para várias vacinas, mas não temos a certeza de qual vai ser a primeira a chegar ao mercado", disse Graça Freitas, que assumiu o cargo de diretora-geral da Saúde em 2018.