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Reportagem

Projeto no Porto junta refugiados e migrantes para formar líderes. “Parto com expectativas altas"

20 nov, 2020 - 17:29 • Lusa

O programa da Academia Paul Harris do Distrito 1970 do Rotary International tem como parceiros a Universidade Católica – Centro Regional do Porto e as fundações AEP e Manuel António da Mota, e arranca na quarta-feira, no Porto.

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Nur Latif, brasileira e palestiniana, quer criar um projeto humanitário na Palestina, e Nataliya Shpak, ucraniana, quer aplicar os cinco idiomas que fala, sonhos que esperam concretizar pela frequência no programa “Elevate Leadership” que se inicia quarta-feira no Porto.

O programa da Academia Paul Harris do Distrito 1970 do Rotary International tem como parceiros a Universidade Católica – Centro Regional do Porto e as fundações AEP e Manuel António da Mota.

Portugal, Ucrânia, Nepal, Palestina, Síria e Cabo Verde são as nacionalidades presentes no grupo que vai iniciar a formação de 60 horas, gratuita e para já em formato online devido à pandemia da covid-19, que deverá estender-se até março de 2021.

O programa vai ser apresentado no sábado, às 16h, via zoom, sendo aberto a todo o público, e está dividido em três fases: self leadership (auto liderança), leader skill (capacidade de liderança) e leader management tools (ferramentas de liderança).

Há quase três anos em Portugal, Nur Latif, de 20 anos, chegou ao Porto depois de completar os estudos em Ramallah, e prepara-se para iniciar o Mestrado Integrado em Psicologia na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.

Nur contou à Lusa que soube do programa “através do Serviço Jesuíta aos Refugiados” e que, assim que contou aos pais, teve uma surpresa; “descobri que a minha mãe participara também nesse programa quando estudou no Brasil”, relatou, encantada.

O meio em que cresceu, as dificuldades diárias que enfrentou na Palestina fizeram nascer nela o desejo de criar “um projeto humanitário”, um cenário que se abre a quase seis mil quilómetros do local onde quer poder, um dia, ajudar os seus conterrâneos.

“Quero trabalhar na área do apoio humanitário, e entrar no programa deixa-me muito animada, mas tenho muita coisa para aprender, desde logo como ser um bom líder, saber lidar com situações, saber falar. E o facto de estar em Psicologia vai ajudar-me muito. Pode ser um bom complemento”, disse Nur.

Mas enquanto isso não acontece, entre a faculdade e o programa vai tentar arranjar emprego para “ajudar a pagar as propinas” que os pais, a quem a pandemia trouxe o desemprego na Palestina, “têm agora mais dificuldade em suportar”, confessou à Lusa.

Nataliya, de 26 anos, vive no Porto e é recém-formada em Relações Internacionais pela Universidade do Minho, mas a chegada da pandemia travou-lhe o ímpeto e, sem emprego, vê onze anos depois de chegar a Portugal aberta a porta para enveredar pela sua carreira através da frequência do programa.

À Lusa disse ter sabido do programa “através associação Kalyna, que apoia imigrantes do leste europeu” e onde descobriu o talento para aprender línguas, ali concluindo “os estudos da língua ucraniana e aperfeiçoado o russo”.

“Falo cinco línguas: português, ucraniano, russo, inglês e alemão e estou a aprender polaco, dadas as semelhanças com o ucraniano, e já pensei em constituir uma agência de tradução, mas, lá está, falta o capital para investir”, sintetizou a aluna da formação promovida pela Academia Paul Harris.

Focada no que quer conseguir, Nataliya assume que o programa tem um duplo significado para si, desde logo a “oportunidade de entrar no mercado de trabalho” e, também, de “poder vir a enveredar pelo projeto pessoal”.

“Parto com expectativas muito altas, porque aparentemente vão estar lá os diretores e presidentes da academia que promove o programa e acredito que nos vão dar muita coisa”, confessou.

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