24 nov, 2020 - 19:24 • Pedro Mesquita , Hugo Monteiro com Redação
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Os hospitais e os centros de saúde ainda não estão preparados para receber grandes quantidades da vacina Pfizer contra a Covid-19.
O cenário é admitido à Renascença pelo diretor dos serviços farmacêuticos do Centro Hospitalar de São João (CHSJ), no Porto.
Em causa estão as condições de conservação que garantam que a vacina não perde as suas qualidades, uma vez que a vacina em causa precisa de ser conservada a 75 graus Celsius negativos, o que coloca sérias dificuldades, dada a reduzida disponibilidade de equipamentos de ultracongelação.
No caso dos hospitais, Pedro Soares, responsável pelos serviços farmacêuticos do CHSJ, admite que a solução passa por adquirir arcas que permitam efetuar o armazenamento nas condições exigidas, mas “existem, também, métodos alternativos, mediante o recurso a gelo seco ou azoto líquido e existem recipientes frigoríficos que, mediante o uso desses produtos, permitem garantir o armazenamento nessa gama de temperaturas, sem requererem tanto investimento”.
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Pedro Soares admite, no entanto, que “os hospitais e os cuidados de saúde primários conseguiriam adaptar-se e adquirir essa capacidade com alguma celeridade”, sendo que, no caso dos centros de saúde, “o caminho que terá de ser percorrido quase do zero”, porque não dispõe de capacidade de congelação a 80 graus Celsius negativos.
A boa notícia, diz este responsável, é que “a própria Pfizer já estará a desenvolver uma fórmula liofilizada da vacina que, em princípio, permitirá que a vacina em 2021 seja distribuída em circuito de frio normal, entre os 2 e os 8 graus Celsius positivos”.
As empresas de logística e transporte lamentam a ausência de um plano para o transporte e armazenamento das primeiras vacinas para a Covid-19 que cheguem a Portugal e criticam, também, o facto de, até agora, não terem sido ouvidas sobre a operação que será necessário montar para fazer chegar as vacinas a todo o país.
“Os nossos aeroportos não têm capacidade para armazenar frio, nem estão preparados para um grande fluxo de carga que é expectável”, afirma o presidente executivo da Associação de Transitários.
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Em declarações à Renascença, António Nabo Martins defende que os locais de armazenamento das primeiras vacinas “já deveriam estar pensados, articulados e deveriam constar de uma malha logística desta distribuição, que deveria ser bem planeada”.
Num quadro em que os aeroportos não dispõem da capacidade para armazenagem, o responsável da Associação de Transitários, explica que “as vacinas têm de ser imediatamente transportadas para outros locais onde possam ficar armazenadas e distribuídas a partir dali”.
António Nabo Martins admite que “não sabemos se existe uma malha logística de distribuição, porque não fomos contactados por ninguém a perguntar a nossa opinião”, remata.