27 nov, 2020 - 12:13 • Isabel Pacheco
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Vacinar contra a Covid-19 toda a população maior de 65 anos na primeira fase é incomportável, afirma à Renascença o responsável pela "task-force" que está a preparar o plano de vacinação. “Não vale a pena criar uma falsa expetativa", sublinha Francisco Ramos.
Residentes nos lares, profissionais de saúde e forças de segurança estão entre os grupos prioritários da vacinação da Covid-19. Idosos sem doenças associadas ficam para a segunda fase, em fevereiro/março.
Francisco Ramos, responsável pela "task-force" que está a preparar o plano de vacinação, explica, em declarações à Renascença, que vacinar toda a população maior de 65 anos na primeira fase é incomportável.
“Cerca de 2,5 milhões de portugueses têm comorbilidades associadas. Não há vacinas, na primeira fase, para 2,5 milhões de portugueses”, afirma o ex-secretário de Estado da Saúde.
Francisco Ramos defende que “não vale a pena criar uma falsa expetativa de que os 10 milhões de portugueses, ou mesmo os três milhões que serão os mais idosos sem comorbilidades, sem outras doenças severas associadas, podem entrar neste primeiro grupo”.
"Perto de três milhões de idosos não têm outras doenças associadas severas. Não é possível. Se formos por aí, se optarmos por profissionais de saúde, de forças de segurança, de profissionais dos lares, provavelmente, estaremos a falar de metade da população portuguesa e isso não seria prioridade nenhuma", refere o ex-secretário de Estado.
Pandemia da Covid-19
O plano de vacinação em Portugal já foi elaborado (...)
O responsável pela task-force que está a preparar o plano de vacinação da Covid-19 recusa atrasos na elaboração da estratégia, que deverá estar pronta até ao final do ano.
Uma primeira parte relevante do plano é conhecida na próxima semana, adianta Francisco Ramos em declarações à Renascença.
“Estamos a trabalhar e, provavelmente, boa parte da estratégia será divulgada já na próxima semana. Aquilo que posso afiançar e tranquilizar as pessoas é que tudo está a ser trabalhado para que tudo esteja pronto ainda este ano”, garante o responsável pela task-force.
O primeiro-ministro rejeitou, esta sexta-feira, a possibilidade de todos os maiores de 75 anos sem doenças graves não terem acesso prioritário às vacinas contra a Covid-19, alegando que "há critérios técnicos que nunca poderão ser aceites pelos responsáveis políticos".
"Não é admissível desistir de proteger a vida em função da idade. As vidas não têm prazo de validade", declarou António Costa à agência Lusa, depois de questionado sobre a possibilidade, noticiada hoje por alguns órgãos de comunicação social, de todos os maiores de 75 anos sem comorbilidades ficarem de fora do acesso prioritário à vacina contra o novo coronavírus.
De visita à base aérea de Beja, o secretário de Estado adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, garantiu que os idosos são uma prioridade no plano de vacinação contra a Covid-19 e a idade não será um limite. A única condicionante serão as características da própria vacina, sublinhou.
Segundo uma proposta de especialistas da Direção-Geral da Saúde, reproduzida hoje nos jornais, as pessoas entre os 50 e os 75 anos com doenças graves, os funcionários e utentes de lares de idosos e os profissionais de saúde envolvidos na prestação direta de cuidados deverão ser os primeiros a ser vacinados contra a covid-19.
Esta sexta-feira, o CDS-PP requereu uma audição parlamentar, com caráter de urgência, do responsável pela 'task force' que vai delinear o plano de vacinação contra a Covid-19 em Portugal, o ex-secretário de Estado da Saúde, Francisco Ramos.
À Renascença, a deputada centrista Ana Rita Bessa considera que Portugal está a correr contra a tempo e diz recear que haja alguma impreparação em todo este processo.