02 dez, 2020 - 19:00 • Hugo Monteiro , com redação
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Os centros de saúde não estão preparados para responder a elevados níveis de procura da vacina para a Covid-19, sem comprometer todas as outras necessidades dos utentes. O alerta é da Associação de Unidades de Saúde Familiar (USF-AN), no dia em que as informações apontam para o início da vacinação já no início de janeiro.
Em declarações à Renascença o presidente da USF-AN, Diogo Urjais, apela à definição de um plano urgente, que envolva todos os agentes do setor da saúde, para que nada falhe nesse processo. E até, mesmo, para não se repitam erros como os que se verificaram com a vacina da gripe.
O presidente da Associação de Unidades de Saúde Familiar deixa já o aviso: os centros de saúde não estão preparados para responder a elevados níveis de procura, sem comprometer todas as outras necessidades de assistência aos utentes.
“Os edifícios dos centros de saúde, estruturalmente, não estão preparados para grandes aglomerados e ou a vacinação ou a atividade assistencial covid e não-covid podem sair prejudicadas.”
Em termos de meios humanos, Diogo Urjais considera que tudo vai depender do plano de vacinação e dos grupos que forem definidos.
“Vimos agora de uma época vacinal contra a gripe que não correu da melhor forma. Tudo depende [do plano]. Temos que perceber qual é o caminho, porque continua a aumentar a carga assistencial covid e não-covid e a vacinação é outra carga assistencial. Os profissionais de saúde já estão mais do que sobrecarregados.”
A garantia é reforçada no dia em que o Reino Unido(...)
O presidente da USF-AN adverte que, neste momento, “não há condições para armazenar as vacinas” para a Covid-19 nos centros de saúde.
“Os frigoríficos das unidades funcionais e dos centros de saúde não têm a capacidade de atingir temperaturas negativas tão altas como a vacina necessita. É outra dúvida que nós temos, não sabemos se vão ser armazenadas em locais específicos, como vão ser distribuídas, como vai ser feito o armazenamento nas unidades”, sublinha.
A vacinação para a Covid-19 pode arrancar dentro de, sensivelmente, um mês. Nessa altura, cerca de 300 mil portugueses deverão poder ser vacinados, numa primeira fase. Mais pormenores deverão ser revelados quinta-feira pelo Governo.
As farmácias garantem ter as condições ideais para serem integradas no plano nacional de vacinação contra a Covid-19.
O presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF), Paulo Duarte, garante que, em todos os concelhos do país, há uma farmácia com competências para armazenar as vacinas e atender a população.
“As farmácias, todos os dias trabalham com medicamentos sujeitos a cadeias de frio. Portanto, é muito mais fácil adaptarmo-nos a estas circunstâncias do que outras entidades que não estão preparadas. Além disso, temos farmácias para vacinar em 95% dos concelhos do país”, disse
Paulo Duarte, na conferencia da CIP sobre a economia e a saúde em tempos de Covid.