04 dez, 2020 - 16:10 • Pedro Mesquita , com Lusa
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Os doentes com cancro e os diabéticos com menos de 50 anos não fazem parte da lista de prioritários da primeira e segunda fase do plano de vacinação contra a Covid-19. As associações lamentam a opção e fazem apelos ao Governo para que reconsidere a opção.
Em declarações à Renascença, o presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) considera que a inclusão dos doentes com cancro logo na primeira fase de vacinação era “perfeitamente viável”.
Vítor Veloso manifesta “extrema preocupação” com a opção tomada pelo grupo de trabalho que elaborou a proposta de plano de vacinação contra a Covid-19.
“Os doentes oncológicos, mais uma vez, foram postos de lado. Têm sofrido muito com esta pandemia, os doentes oncológicos são, talvez, os que têm sofrido mais. Têm sido esquecidos”, lamenta.
A LPCC espera que o Governo reconsidere e que inclua os doentes oncológicos com doença ativa e em maior risco, na primeira fase de vacinação para covid-19, de acordo com critérios clínicos claramente estabelecidos.
O presidente da Associação Protetora dos Diabéticos, José Manuel Boavida, também se declara muito preocupado.
À Renascença, considera que “não faz sentido” excluir os diabéticos, com menos de 50 anos, dos grupos prioritários da vacinação para a Covid-19.
“É preciso a colaboração das associações doentes para que haja sensibilidade do Ministério da Saúde relativamente a algumas questões”, sublinha.
A vacinação vai arrancar em janeiro e abrange, num(...)
Francisco Ramos, coordenador do grupo de trabalho, admitiu na apresentação do plano que pessoas com outras patologias podem ser incluídas na segunda fase e já encetou um primeiro contacto com as associações, revela José Manuel Boavida.
A associação defende que diabéticos com menos de 50 anos sejam incluídos nos grupos prioritários da segunda fase de vacinação, que pode arrancar em março ou abril.
“A diabetes entrará na listagem das prioridades de acordo com a própria complexidade da diabetes. Não é só o diagnóstico de própria diabetes que determina a entrada, mas é a condição concreta em que cada pessoa se encontra, a gravidade da sua situação e o risco acrescido que tem quer de internamento quer de morte”, defende José Manuel Boavida.
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, que hoje esteve em Matosinhos para duas visitas a duas unidades de saúde, foi instado a comentar a posição da Liga Portuguesa Contra o Cancro, tendo afirmado que o plano de vacinação é “dinâmico e flexível” e que os doentes oncológicos serão vacinados na segunda fase de vacinação, que engloba um total de 2,7 milhões de pessoas.
“A evidência científica de hoje é o erro retificado de amanhã e, portanto, temos de estar sempre adequados àquilo que é a evolução e o dinamismo da própria ciência em base em critérios que são técnicos. Obviamente, que se a EMA [Agência Europeia do Medicamento] ou outro organismo vier dizer que as prioridades terão que se adequar, este plano é um plano dinâmico e flexível e adequar-se-á”, salientou António Lacerda Sales em declarações aos jornalistas.
“Com cerca de 950 mil na primeira fase presumimos que podemos ter cerca de 3,6 milhões de pessoas vacinadas nestas duas fases que poderá coincidir com o primeiro semestre de 2021”, sublinhou.
As vacinas contra a covid-19 vão começar a ser administradas a partir de janeiro, sendo os grupos prioritários as pessoas com mais de 50 anos com patologias associadas, residentes e trabalhadores em lares, e profissionais de saúde e de serviços essenciais.
A informação foi divulgada na quinta-feira por Francisco Ramos, coordenador do grupo que preparou o plano de vacinação, segundo o qual numa segunda fase a prioridade será para pessoas com mais de 65 anos sem patologias associadas, e pessoas com mais de 50 anos, mas com um leque mais alargado de patologias associadas, como a diabetes.
Portugal contabiliza hoje mais 79 mortos relacionados com a covid-19 e 4.935 novos casos de infeção com o novo coronavírus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
Desde o início da pandemia, Portugal já registou 4.803 mortes e 312.553 casos de infeção pelo novo coronavírus, estando hoje ativos 73.712 casos, menos 164 do que na quinta-feira.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.507.480 mortos resultantes de mais de 65,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
[notícia atualizada]