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Saúde

Estudantes de Medicina preocupados com o futuro da qualidade da formação médica

07 dez, 2020 - 12:23 • Olímpia Mairos , João Cunha

Governo quer desviar os médicos internos, do primeiro ano, para o combate à Covid-19, e reduzir o tempo dos conteúdos da formação.

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Os estudantes de Medicina estão preocupados com o futuro da qualidade da formação médica e alertam para os perigos que daí podem advir para a saúde da população.

Um projeto de portaria do Governo prevê menos tempo, alteração de conteúdos e desvio de internos para combater a Covid-19.

A presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina considera que, apesar do quadro de pandemia e da necessidade de reforçar os recursos humanos do Serviço Nacional de Saúde habilitar médicos por decreto, sem cumprir o internato, não é a melhor opção.

“Não é de todo a melhor solução”, defende Mar Mateus da Costa à Renascença, acrescentando que compreende que seja “necessária uma solução”.

E nesse sentido, a presidente da associação diz ser necessário definir qual a flexibilização que pode ser feita este ano.

Isso “não está de todo definido, deixando ao critério das administrações hospitalares e das direções de internato que pode levar a situações até de iniquidade”, afirma Mar Mateus da Costa, alertando que “hospitais que estejam muito afetados” podem precisar dos internos “durante muito mais tempo” e “hospitais menos afetados” precisarem de “menos e, depois, haja uma assimetria muito grande naquela que é a formação dada que não é o que se pretende, daí que o internato seja perfeitamente uniforme entre todos”.

O mesmo responsável lembra que “o internato é uma estrutura perfeitamente definida”, sublinhando que, neste momento, não conseguem “perceber de que forma é que pretendem fazer isto, sem que a formação seja lesada”.

A associação dos estudantes afirma compreender que “há circunstâncias excecionais”, mas entende que “exigem também algumas alterações na dinâmica de recursos humanos”.

“Não aceitamos que essa alteração prejudique a formação de médicos que são autónomos no final do ano e, sendo autónomos, podem praticar vários atos médicos, sem qualquer supervisão e que isso ponha em risco a saúde da população, a partir de 2021, 2022 e por aí”, conclui a presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina.

A associação que representa os estudantes de Medicina considera ainda que as decisões da tutela da Saúde demonstram desorientação, desorganização e incapacidade de planeamento, desconsiderando, assim, os avisos feitos pelos profissionais de saúde.

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