01 fev, 2014 - 00:32 • Liliana Monteiro
O advogado das famílias dos seis jovens que morreram na praia do Meco, a 15 de Dezembro, considera que o segredo de justiça decretado neste caso “em nada beneficiará as investigações e poderá trazer um grave problema para as famílias das vítimas, que é o de não terem acesso àquilo que está a ser feito”.
Em entrevista à Renascença, Vitor Parente Ribeiro argumenta que “corremos o risco, como muitas vezes acontece, que passados oito, dez meses, um ano, recebemos um despacho de arquivamento ou de acusação e, nessa altura, quando o processo fica disponível para consulta e nós vamos consultá-lo, o que constatamos é que praticamente nada foi feito. Esperemos que, neste caso, não seja isso que se esteja a preparar para ser feito. Seria muito mau, seria uma vergonha para a justiça portuguesa. Ficámos um bocadinho incrédulos com a declaração do segredo de justiça neste processo".
O causídico acredita que o jovem sobrevivente, João Miguel Gouveia, “poderá estar a ser condicionado ou limitado no seu direito a prestar declarações”.
“A partir do momento em que as famílias e a comunicação social quiseram saber o que aconteceu, parece evidente que é nessa altura que surge o voto de silêncio”, sublinha.
As famílias acreditam que estavam mais pessoas na noite trágica e dizem ter cada vez mais provas de que “algo se passou e de que há sinais claros de que aquilo foi uma praxe”. Vitor Parente Ribeiro considera também que a versão apresentada pela família do “Dux”, o jovem sobrevivente, para o que aconteceu naquela noite não faz sentido.
Recorde-se que a família, em carta enviada à comunicação social, avançou a primeira versão sobre os acontecimentos na praia do Meco. Relatou que todos tinham ido passear à noite na praia, tendo pousado os pertences na areia e sentaram-se acima da zona da rebentação quando foram surpreendidos por uma onda de grandes dimensões.
Nesta entrevista à Renascença, o advogado tece ainda críticas à Lusófona. Diz que “o comportamento da Universidade tem sido infeliz, algumas declarações têm sido infelizes e beneficiam de um princípio que existe em Portugal que é o de afastar a responsabilidade’.
O advogado diz mais: “é importante que o Ministério Público e a Polícia Judiciária cheguem à conclusão se a Universidade tinha, ou não, conhecimento destas práticas. Isto é um dos elementos fundamentais desta investigação”.