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Covid-19. Portugueses vão pagar "preço alto" de medidas "simpáticas" no Natal

14 dez, 2020 - 18:11 • Hugo Monteiro , com redação

Conselho de Escolas Médicas contra alívio das restrições. Em declarações à Renascença, Fausto Pinto defende a manutenção de medidas rigorosas no Natal, como a proibição de circulação entre regiões e de ajuntamentos.

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O presidente do Conselho de Escolas Médicas, Fausto Pinto, defende que Portugal não deve aliviar medidas contra a Covid-19 nesta altura do Natal, como admite o Governo.

Em declarações à Renascença, o também diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa pede às autoridades que não tenham medo de avançar com restrições para a quadra natalícia, porque os números de vítimas e internados são elevados e a “situação não está controlada”.

“Eu penso que, infelizmente, ainda vamos ter alguns dias com números que não são muito simpáticos. Estamos quase no Natal e tenho algum receio que algum potencial alívio de medidas mais rigorosas possa ter consequências menos positivas”, alerta Fausto Pinto.

No dia em que Portugal regista 90 mortes por Covid-19 e passa a barreira dos 350 casos, o presidente do Conselho de Escolas Médicas considera que a “situação ainda é muito complicada” para aliviar restrições.


Defende que esta é a altura “para ser o mais rigoroso possível”, sobretudo numa fase em que temos uma “luz ao fundo do túnel” com a chegada da vacina contra o novo coronavírus.

“Esse tipo de atitude não é fácil, sobretudo para quem tem que a tomar, mas este ainda não é o momento para aliviar medidas. Sou daqueles que acham que as medidas devem ser rigorosas, porque caso queiramos ser simpáticos, isso paga-se com um preço alto e é isso que não queremos.”

Fausto Pinto considera, em declarações à Renascença, que é preciso manter restrições no Natal, nomeadamente limites à circulação entre concelhos ou aglomerados “durante algum tempo, até os números estarem mais contidos”.

“Há áreas que são muitos complicadas, mas que sabemos que são fatores de propagação. Estou a falar de alguns tipos espetáculos e atividades que, sabemos, são fatores de propagação. É muito aborrecido, isto afeta muita gente, mas não é possível haver contenção da situação como ela ainda está, se não forem implementadas estas medidas. Tendo de ser muito claro o que isto significa no curto prazo, para podermos ‘comprar’ o médio-longo prazo”, sublinha.

O diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa explica o número elevado de mortes dos últimos dias. “O que estamos a assistir agora é a consequência das últimas semanas. Houve dias em que tivemos seis mil pessoas infetadas, e atenção que são aquelas que são detetadas. Os casos precisam de algum tempo até estabelecer doença mais grave e depois ter consequências mais complexas, nomeadamente a mortalidade. O que estamos a assistir agora é reflexo do que se passou há duas, três, quatro semanas”, afirma Fausto Pinto.


O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, disse esta segunda-feira, numa visita ao hospital de Leiria, que o Governo não hesitará em puxar o travão de mão se houver necessidade em função da evolução da pandemia de covid-19.

A ministra da Saúde, Marta Temido, apelou esta segunda-feira a a que esteNatal seja vivido de forma diferente e com cuidados redobrados por causa da pandemia de Covid-19.

“O Natal é tempo de festa, é um tempo que nos inspira a que queiramos estar com os que nos são mais próximos, mas que este ano vai ter de ser vivido de forma diferente, de uma forma muito cuidadosa, muito refletida e de uma forma compatível com o ano difícil que vivemos", disse Marta Temido, na inauguração do novo serviço de urgência geral, área dedicada a doentes respiratórios, do Hospital Amadora-Sintra.

O Governo anunciou um abrandamento das restrições para o Natal, período em que não haverá limitação às deslocações entre concelhos, entre outras medidas.

Portugal registou mais 90 mortes e 2.194 casos de Covid-19 nas últimas 24 horas, indica o boletim epidemiológico divulgado esta segunda-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

Desde a chegada da pandemia, estão confirmadas 5.649 mortes e mais de 350 mil casos de Covid-19 em Portugal.

Nos hospitais há mais 97 pessoas internadas em enfermaria com o novo coronavírus, num total de 3.254 pacientes.

Mondim de Basto e Chaves, no distrito de Vila Real, e Marvão, em Portalegre, são os municípios portugueses com maior incidência cumulativa de infeção pelo novo coronavírus. Todos estes concelhos integram a lista de risco extremo, que soma 25 municípios, menos dez face à semana passada.

Evolução da Covid-19 em Portugal

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