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Coronavírus

Vacina é segura e eficaz? Epidemiologista não tem dúvidas que sim

21 dez, 2020 - 18:08 • Filipe d'Avillez , Hugo Monteiro

Há ainda algumas dúvidas a esclarecer quanto à vacina contra a Covid-19, mas os especialistas confiam que o resultado vai ser promissor.

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A vacina contra a Covid-19 é segura e eficaz, acredita o epidemiologista Manuel Carmo.

A poucos dias de começar a campanha de vacinação em Portugal, o médico diz que pode haver reações normais do sistema imunitário à inoculação, mas que não durarão mais de 48 horas para a maioria das pessoas.

“É segura, isto é, apenas produz aquelas reações normais próprias do sistema imunitário que está a reagir, dores no local, um pequeno inchaço, eventualmente cansaço, fadiga, mas tudo passa – na esmagadora maioria das pessoas – em menos de 48 horas”, diz.

“O facto de a vacina ter estado pelo menos dois meses em ensaio, em que as pessoas foram acompanhadas, garante-nos que não há efeitos adversos graves. Temos essa garantia. De resto, a vacina é eficaz, pelo menos até agora tem-se mostrado eficaz, estamos a aguardar mais informação que permita perceber um bocadinho melhor se é identicamente eficaz em todas as idades, parece que sim. O que não percebemos muito bem é a duração da imunidade que vai conferir”.

Para além do grau de imunidade que a vacina vai garantir, há outras dúvidas para as quais ainda não há resposta. Manuel Carmo Gomes diz que, por exemplo, falta saber se quem for vacinado, poderá transmitir a doença.

“Os sinais que existem, mais recentes, é de que não é muito provavel que, depois de estarmos vacinados, mesmo que sejamos infetados, tenhamos grandes capacidades de transmitir o vírus. Mas isto é tudo muito preliminar e, portanto, este aspeto ainda não conhecemos bem. É um aspeto importante, porque é isto que garantirá que conseguiremos depois a imunidade de grupo a médio/longo prazo.”

Outra das dúvidas prende-se com a nova estirpe identificada no Reino Unido. Falta saber se, também aqui, a vacina é eficaz. A Agência Europeia do Medicamento disse esta segunda-feira que não há, por enquanto, qualquer evidência de que a vacina agora aprovada, não venha a surtir efeito, também nessa nova variante.

“Em princípio sim, ninguém sabe responder a 100%. No entanto, as vacinas são concebidas para uma proteína inteira e as mutações que ocorreram nesta variante alteram uma parte pequenina dessa proteína, portanto em princípio isso não vai fazer com que a imunidade que a vacina induz não seja eficaz com esta nova variante, mas isso é um assunto que vai ser examinado agora com cuidado.”

Também o virologista Manuel Carmo Gomes considera ser pouco provável que esta nova variante possa ser mais perigosa. “As pessoas que têm esta variante poderão ter uma carga viral maior e, portanto, transmitir com maior facilidade o vírus. Não significa que é mais perigoso.”

“Aliás, devo dizer que toda a teoria que temos de evolução de vírus sugere que agora com o tempo o vírus é natural que se torne mais transmissível, mas não mais patogénico, quanto muito menos patogénico. Porque do ponto de vista do vírus ele não tem interesse nenhum em ser mais patogénico. O que é que interessa ao vírus? Que a pessoa esteja infetada, tenha capacidade de transmitir e esteja muito tempo nesse estado. Se a pessoa adoecer muito depressa e for isolada isso não tem vantagem nenhuma para o vírus”, conclui o epidemiologista.

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