08 jan, 2021 - 12:04 • Olímpia Mairos
Estão contabilizados mais de 100.000 registos de 92 espécies de mamíferos terrestres e marinhos de Portugal. A informação, divulgada pela Universidade de Aveiro, integra a base de dados (SIMPOC) que está a ser desenvolvida para avaliar o estatuto de ameaça destas espécies e, desta forma, permitir a revisão e atualização do Livro Vermelho dos Mamíferos.
De acordo com a coordenadora do projeto, Maria da Luz Mathias, o novo Livro Vermelho é “uma base de dados que vai compilar informação de diversas fontes e que estão muito dispersas por museus, relatórios, trabalhos científicos de mestrado e doutoramento”.
“Com o envolvimento da comunidade científica, técnicos e cidadãos, este projeto pretende colmatar lacunas de informação sobre os mamíferos de Portugal Continental e assim contribuir para o conhecimento do estado de conservação dos mamíferos do nosso país”, assinala a responsável.
Segundo o ICNF, há várias equipas no terreno para a inventariação acústica, prospeção de abrigos e capturas de morcegos e inventariação de indícios de presença de pequenos mamíferos, como coelhos, toupeiras, musaranhos e ouriços.
A inventariação também é efetuada por armadilhagem fotográfica e deteção visual de indivíduos ou das suas marcas - pegadas ou dejetos - no que respeita aos carnívoros, de que são exemplo o toirão, o texugo e o gato bravo e aos ungulados, como a cabra-montês, veados, gamos, corços e javalis.
O ICNF dá nota ainda que também são realizadas “análises genéticas para confirmar ou resolver ambiguidades relativas a ocorrências de determinadas espécies”.
Para além de universidades, técnicos e vigilantes do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), entidades públicas e setor privado, também os cidadãos podem participar na inventariação, através da plataforma de ciência cidadã onde pode encontrar algumas dicas úteis sobre como participar e ser um naturalista.
O projeto “Revisão do Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental e contributo para a avaliação do seu estado de conservação” foi lançado em 2019 e pretende saber quais as espécies que estão mais ameaçadas e quais as que estão estáveis ou a aumentar a sua população. O prazo para a conclusão dos trabalhos termina em 2021.
O projeto abrange todo o território de Portugal Continental, embora os trabalhos de campo deem uma especial atenção à Rede Nacional de Áreas Protegidas e às Zonas Especiais de Conservação da Rede Natura 2000.
A avaliação global do estado de conservação das espécies abrangidas pela Diretiva Habitats constitui “um objetivo muito importante deste projeto e a sua análise contribuirá decisivamente para o estabelecimento de medidas e ações a desenvolver no âmbito da conservação das espécies em causa”, sublinha o ICNF.