12 jan, 2021 - 17:40 • Lusa
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O ministro da Defesa Nacional admitiu esta terça-feira que as instalações das Forças Armadas têm atualmente uma “elasticidade pequena” para acolher doentes graves de Covid-19, mas ainda existem muitas camas disponíveis em espaços de retaguarda para casos ligeiros.
João Gomes Cravinho falava à Lusa no final da cerimónia comemorativa do Dia da Academia Militar, em Lisboa, que assinalou hoje 231 anos de existência.
“Em termos de capacidade de camas para cuidados médicos, portanto de internamento de enfermaria geral, estamos no limite. Temos, contudo, muito maior capacidade para estabelecimentos de retaguarda para receber pessoas que, por exemplo, não tenham condições de isolamento em casa, estejam doentes, mas que não precisem de cuidados particularmente intensos”, declarou o ministro.
Questionado sobre a capacidade de camas para internamento de casos mais graves de Covid-19, o ministro respondeu que ainda existe “alguma capacidade de expansão, mas é uma elasticidade pequena”.
“Nomeadamente de camas de cuidados intensivos, que poderemos aumentar. Estamos também no processo de desmarcação de todos aqueles cuidados médicos menos urgentes para criar maior capacidade para receber doentes Covid, seja em Lisboa, seja no Porto. Portanto haverá alguma elasticidade, mas é relativamente pequena a partir de agora”, adiantou.
Gomes Cravinho lembrou que as estruturas das Forças Armadas podem disponibilizar “até cerca de duas mil camas” no seu todo, capacidade que não está totalmente ocupada “porque não tem sido preciso”.
“Mas se vier a ser preciso temos toda essa disponibilidade”, disse.
“O que nós verificamos é que, há cerca de quatro, seis semanas no norte e agora em Lisboa e Vale do Tejo, o acréscimo que é trazido pelas camas dos Hospitais das Forças Armadas e aqui no Centro de Apoio Militar à Covid-19, em Belém, no fundo tem sido uma ajuda preciosa num momento muito delicado de pressão sobre os hospitais e esse papel continuará a ser desempenhado pelas Forças Armadas até que deixe de ser necessário”, sublinhou.
O responsável pela Defesa inaugurou na segunda-feira dois espaços interiores no polo de Lisboa do Hospital das Forças Armadas, que constituíram um aumento de 32 camas para doentes Covid-19 provenientes do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O Hospital das Forças Armadas de Lisboa conta, ao todo, com 67 camas para doentes Covid-19 - 62 de enfermaria e cinco para cuidados intensivos - já a contar com este último reforço. Já o polo do HFAR Porto dispõe de 50 camas de enfermaria.
Questionado sobre uma possível reativação de hospitais de campanha, o ministro explicou que as Forças Armadas utilizaram “os recursos todos do dispositivo sanitário do Exército do hospital de campanha dentro do estabelecimento do Hospital das Forças Armadas” em Lisboa, inaugurado na segunda-feira, “por causa do clima”.
“Seria, enfim, menos confortável ter as pessoas em tendas, embora sejam aquecidas é preferível estar dentro de paredes”, completou.
Momentos antes, João Gomes Cravinho presidiu à cerimónia solene de celebração do Dia da Academia Militar, procedendo à chegada às honras militares regulamentares e participando numa cerimónia de homenagem aos antigos alunos que morreram em serviço.
No seu discurso, o ministro da Defesa salientou o “serviço único” que está a ser prestado pelas Forças Armadas, em virtude da pandemia de Covid-19.
“Num momento em que os portugueses reconhecem às nossas Forças Armadas um serviço único em prol do nosso país no combate à pandemia, devemos tudo fazer para, em todas as ocasiões e em todas as nossas ações, respeitar e honrar os princípios que guiam a condição militar e a pertença a esta instituição e ao Exército português”, sustentou.
Gomes Cravinho elogiou o “pragmatismo, adaptabilidade e sentido de missão” da Academia face à pandemia, dando como exemplos “a realização do exercício final do ano letivo 2019-2020, LEÃO 20, em modo telemático” e ainda o projeto do Centro de Investigação da Academia Militar “para o desenvolvimento de um protótipo de descontaminação de máscaras de proteção respiratória”.
O membro do governo referiu ainda a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia como “uma oportunidade de mostrar o que de melhor aqui se faz, e de abrir novos percursos e novas parcerias”, mostrando-se igualmente satisfeito com o aumento de cadetes femininas na instituição.
“É com muita satisfação que vemos que, desde 2019, a presença de cadetes femininas na Academia Militar passou de 10 para 14%. Este é um exemplo que pode e deve ser partilhado e disseminado”, rematou.
A Academia Militar é um estabelecimento de ensino superior militar que tem o seu antecedente histórico na Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho, criada por D. Maria I em 1790.
Esta instituição que forma oficiais destinados aos quadros permanentes do Exército e da Guarda Nacional Republicana (GNR) tem atualmente 480 alunos, 26 dos quais de países africanos de língua portuguesa.