12 jan, 2021 - 08:50 • Olímpia Mairos
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A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está a desenvolver um biossensor para deteção rápida do SARS-CoV 2, concebido a partir da tecnologia utilizada para a identificação do DNA das castas dos vinhos.
“O biossensor é composto por nanopartículas que têm funcionalidades que são sequências específicas da Covid. Nós, utilizando sequências que são utilizadas também para os PCRs, como sondas, conseguimos identificar o vírus”, explica à Renascença Paula Martins Lopes, uma das investigadoras.
A tecnologia usada, concebida para a identificação e autenticação do vinho da Região do Douro, a partir do DNA das castas, aliando a composição varietal à respetiva denominação de origem, faz parte de uma patente internacional, desenvolvida no âmbito do WineBioCode e da Plataforma INNOVINE & WINE, recentemente registada pela UTAD.
O trabalho de autenticidade dos vinhos, que a universidade desenvolve há vários anos, constituiu assim, segundo Paula Lopes, um “conhecimento valioso que pode agora ser transposto para a situação muito preocupante que vivemos”.
De acordo com a docente do Departamento de Genética e Biotecnologia da UTAD, o novo teste rápido à Covid-19 “é um teste baseado em sequências específicas” do vírus.
“Não é algo que resulte da produção de antigénios das pessoas. Não tem a ver com proteínas, tem a ver com a identificação do vírus em si, não daquilo que é uma resposta imunitária do individuo”, específica a investigadora.
A mais valia do novo teste, assinala, prende-se com a possibilidade de se “identificar em cerca de 20 minutos a presença do vírus e isso permite fazer um ‘screening’ muito mais apertado da população e em tempo real”.
“Significa que não temos uns processos tão morosos como temos no caso do PCR, que exige uma extração do RNA e exige depois a sua amplificação. Aqui não. Aqui nós podemos detetar diretamente da amostra”, detalha a investigadora.
Outra das vantagens é que não são necessários profissionais especializados para a realização dos testes.
“Em princípio não, porque é possível fazer, como já se está a fazer no Reino Unido, a auto amostragem. As pessoas podem fazer na orofaringe a recolha da amostra e detetam logo imediatamente se há vírus”, adianta.
A equipa de investigadores está agora a tratar de todo o processo de legalização e certificação do produto e acredita que até ao final de fevereiro será possível a sua disponibilização.