13 jan, 2021 - 22:19 • Lusa
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As livrarias vão voltar a encerrar, a partir das 00h de sexta-feira, em Portugal Continental, mas vão poder vender ao postigo, de acordo com as novas medidas de combate à pandemia de Covid-19, anunciadas esta quarta-feira pelo Governo.
Em conferência de imprensa, realizada em Lisboa, o primeiro-ministro, António Costa, apresentou as regras de um novo período de confinamento, que passam pelo encerramento de todo o comércio, “salvo estabelecimentos autorizados”.
“Ficam suspensas as atividades de comércio a retalho e de prestação de serviços em estabelecimentos abertos ao público, com exceção daquelas que disponibilizem bens ou prestem serviços de primeira necessidade ou outros considerados essenciais”, lê-se no comunicado do Conselho de Ministros, que decorreu hoje à tarde.
Em março do ano passado, quando foi decretado o estado de emergência e a obrigatoriedade de as livrarias fecharem portas, foi-lhes permitido estarem abertas se fizessem as vendas através de um postigo, medida que a ministra da Cultura, na altura, justificou, por considerar que os livros são também um bem de primeira necessidade.
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Questionado sobre se essa possibilidade estava acautelada neste novo confinamento, o Ministério da Cultura confirmou à agência Lusa que as livrarias vão poder vender ao postigo.
Entretanto, António Costa remeteu para quinta-feira o anúncio de "um conjunto de medidas de apoio aos setores que são particularmente atingidos", a serem apresentadas pela ministra da Cultura e pelo ministro da Economia.
Contactada pela Lusa, a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) escusou-se para já a comentar as medidas anunciadas, preferindo esperar para conhecer todas as regras e apoios previstos para o mercado livreiro.
O anúncio de hoje vai agravar a situação de um setor que ainda não tinha conseguido recuperar da crise que atravessa por causa do período em que estive encerrado, levando muitas livrarias e editoras ao limite da sobrevivência.
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De acordo com os últimos dados relativos à venda de livros em Portugal, disponibilizados pela consultora Gfk, no final de outubro o setor livreiro tinha recuperado algum fôlego da queda abrupta que registou devido à pandemia, mas ainda assim continuava com uma quebra de 15,8%, o que significava perdas no valor de 7,5 milhões de euros.
Entre 19 de março e 2 de maio, o país esteve em situação de estado de emergência, que transitou imediatamente para a situação de calamidade, e o mercado caiu a pique.
Para tentar ajudar o setor, em abril, o Ministério da Cultura anunciou o lançamento de um programa no valor global de 400 mil euros – reforçado mais tarde com cerca de 36 mil euros -, para aquisição de livros, a preço de venda ao público, dos catálogos das editoras e livrarias, até um máximo de cinco mil euros por editora e livraria, a serem distribuídos pela Rede de Ensino de Português no Estrangeiro e Rede de Centros Culturais.
A este valor acresceram 200 mil inscritos em orçamento para compra de livros para bibliotecas da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, privilegiando as livrarias de proximidade.
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Estas medidas não foram bem recebidas pela APEL, que considerou não se aproximarem daquilo que os editores e livreiros tinham proposto, nem resolver os seus problemas.
Segundo a Gfk, os dados relativos às vendas de livros em lojas físicas, entre a segunda semana de março e a última de maio, revelam uma perda de 16,1 milhões de euros (de 28 milhões em 2019, para 11,9 milhões em 2020), o que se traduziu numa quebra de 57,6%.
A partir do final de maio e até ao final de setembro, verificou-se uma recuperação e os valores entrados alcançaram os 39,6 milhões de euros, mesmo assim, menos 7,5 milhões do que em igual período do ano anterior.
Fazendo a avaliação total dos primeiros nove meses de 2020, os mais recentes disponíveis, o mercado livreiro português registou perdas no valor de 23,3 milhões de euros, face a 2019 (de 102,2 milhões para 78,9 milhões).