16 jan, 2021 - 09:39
O vice-presidente da Comissão Europeia Valdis Dombrovskis considerou, em entrevista à Lusa, que o esboço do plano de recuperação e resiliência português precisa de reforço na área das reformas, salvaguardando porém que ainda não está fechado.
"Informalmente posso dizer que sim, vemos [no plano] muitos dos elementos importantes que precisam de lá estar, em termos de prioridades e das transformações verdes e digitais. Como em muitos esboços de Estados-membros, é preciso algum reforço no lado das reformas e em assegurar exatamente a ligação com o Semestre Europeu", disse Valdis Dombrovskis à Lusa.
O responsável do colégio de comissários com a pasta 'Uma Economia ao serviço das pessoas' disse que as equipas técnicas europeias e portuguesas "estão a trabalhar muito intensamente nisto" e que, "em geral, o plano está a ir na direção certa".
Questionado sobre mais detalhes, Valdis Dombrovskis afirmou que não poderia avançar mais, dado que os planos ainda não foram oficialmente submetidos e se trata "de um processo a decorrer".
Caso José Guerra
“Na sequência de denúncia apresentada pela Ordem d(...)
De acordo com o responsável letão, "alguns Estados-membros estão dispostos a avançar muito rapidamente e estão a preparar intensamente os seus planos e a partilhá-los com a Comissão e engajados, e Portugal é um dos países que está muito ativo nisso".
Relativamente à velocidade da submissão dos esboços e dos planos entre os diferentes Estados-membros da UE, o também comissário com a pasta do Comércio referiu que "quanto mais rápido houver um plano, mais rapidamente é aprovado e mais rapidamente se pode começar a implementá-lo e a receber o dinheiro".
"Quanto mais tempo levarem as preparações do plano, mais demorada é a receção do dinheiro. Pelo lado positivo, os países que são mais lentos podem aprender com a experiência e com as trocas de ideias dos Estados-membros que foram os primeiros e isso pode ajudar a um processo mais suave", comentou.
Valdis Dombrovskis considerou ainda "realista" o objetivo de ter o dinheiro distribuído pelos Estados-membros durante o primeiro semestre do ano, durante a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia.
Presidência portuguesa da União Europeia
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Depois de 2020 ter sido um ano de tomada de medidas, "este ano é acerca da entrega, de assegurar que o dinheiro começa realmente a chegar à economia", estimando a aprovação dos primeiros planos na primavera.
Quanto à ratificação pelos 27 parlamentos nacionais da decisão que permitirá à Comissão Europeia ir arrecadar fundos aos mercados financeiros para assegurar sua distribuição pelos diferentes Estados-membros da UE, Valdis Dombrovskis disse que a mensagem que está a ser passada vai no sentido "de que é preciso que o façam o mais depressa possível".
"Estivemos a discutir hoje com o ministro das Finanças na preparação do Ecofin [ministros das Finanças da União Europeia] que terá lugar na próxima terça-feira, e essa será exatamente uma das mensagens que tanto a presidência portuguesa como a Comissão Europeia irão passar", asseverou.
O primeiro-ministro, António Costa, entregou no dia 15 de outubro, em Bruxelas, o primeiro esboço do Plano de Recuperação e Resiliência à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Em julho passado, o Conselho Europeu aprovou um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões para fazer face à crise gerada pela covid-19.
Na quarta-feira, o Governo português aprovou, em Conselho de Ministros, a resolução relativa aos recursos próprios da União Europeia e requereu à Assembleia da República a ratificação do diploma com caráter de urgência.
Este passo legislativo dado pelo executivo, que visa permitir à Comissão Europeia proceder à emissão de dívida no âmbito do fundo de recuperação e resiliência, foi divulgado pelo próprio primeiro-ministro, António Costa, através de uma mensagem publicada na sua conta pessoal na rede social Twitter.