17 jan, 2021 - 22:00 • Sandra Afonso com redação
Chama-se Diana Santos e está numa cadeira de rodas elétrica. É do Barreiro, mas vive em Lisboa e por isso pediu para votar antecipadamente nas presidenciais, este domingo.
Foi informada que tinha de dirigir-se à Reitoria da Universidade de Lisboa, onde ao longo do dia alguns eleitores tiveram de esperar mais de duas horas para votar.
Diana andou à procura da mesa de voto durante mais de uma hora e foi redirecionada três vezes até ser encaminhada para o sítio certo. Mas quando lá chegou percebeu que era, talvez, o local menos acessível para portadores de deficiência, em particular para quem está numa cadeira de rodas.
Apesar das várias tentativas para chegar à urna e exercer o seu direito de voto, acabou por preencher o boletim na rua, rodeada de pessoas, sem qualquer privacidade e ao frio.
"Quando cheguei à sala de voto, pareceu-me que seria das únicas para quem não seria acessível, tinha três ou quatro escadas para descer. Sugeriram ir a outra mesa de voto, o que não é constitucional. A solução do costume: alguém vem cá fora e traz o voto", relata à Renascença.
"Estavam imensas pessoas ali, só não olhou quem não quis, eu quase sem capacidade de segurar os documentos todos e já enervada, porque foi uma sucessão de acontecimentos e eu cada vez mais constrangida e gelada. Foi difícil, uma carga de nervos."
Apesar desta experiência profundamente negativa, Diana diz que voltaria sempre a votar. Só lamenta que o Estado não lhe retribua o investimento.
"O que espero é que no [próximo] domingo as pessoas possam votar como é o seu direito, num espaço confidencial, protegido e respeitoso. Votaria outra vez, não desisto de exercer a minha cidadania, só gostava que o Estado fizesse por mim o que eu faço por ele."