20 jan, 2021 - 14:28 • Lusa
O Ministério Público acusa Evaristo Marinho por homicídio qualificado do ator Bruno Candé, baleado na Avenida de Moscavide, no concelho de Loures, em 25 de julho de 2020, crime que é agravado por ter sido motivado por ódio racial.
Segundo o despacho do Ministério Público (MP), a que a agência Lusa teve acesso, Evaristo Marinho, de 76 anos, afirmou durante uma discussão com a vítima, em 22 de junho de 2020, entre outros impropérios: “Vai para a tua terra, preto! Tens toda a família na senzala e devias também lá estar!”.
Durante a discussão na via pública, o arguido levantou a bengala em direção ao ator Bruno Candé, ameaçando-o de morte e fazendo referência à cor do cidadão.
De seguida, refere o MP, Bruno Candé entrou num veículo, tendo o arguido ainda gritado “tenho lá armas em casa do Ultramar e vou-te matar”.
Nos dias seguintes, o arguido passou diversas vezes na mesma rua com uma pistola calibre 7,65 milímetros, esperando voltar a encontrar a vítima, que habitualmente passeava no local com a sua cadela.
Para Bruno Candé Marques, um ator negro de 39 anos(...)
No dia 25 do mesmo mês, por volta da hora do almoço, ao avistar Bruno Candé sentado no muro de um canteiro existente na rua, o arguido retirou a arma do coldre, empunhou-a e disparou contra a vitima que, de imediato, caiu ao chão.
Adianta a acusação que, “aproveitando que Bruno Candé Marques estava prostrado no chão, o arguido [se aproximou] e efetuou mais quatro disparos”, provocando-lhe a morte imediata.
O arguido foi detido por cidadãos a poucos metros do local do crime, no distrito de Lisboa, até chegar a PSP.
Considera a procuradora do MP que Evaristo Marinho atuou com intenção de matar Bruno Candé e agiu “por razões vãs”, tendo-lhe provocado a morte de “forma falsa, traiçoeira”, já que o impediu de se defender.
O homicídio foi cometido, segundo a acusação, não só pela discussão tida dias antes entre ambos, mas motivado também pela cor e origem étnica (africana) de Bruno Candé, às quais o arguido fez diversas referências insultuosas.
O arguido, que prestou serviço militar em Angola, entre 1966 e 1968, encontra-se em prisão preventiva a aguardar julgamento.
Bruno Candé tinha 39 anos e era ator da companhia de teatro Casa Conveniente desde 2010, tendo também participado em telenovelas.