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Ministério Público abre inquérito a morte de doente no hospital de Portalegre

21 jan, 2021 - 16:23 • Lusa

O idoso chegou ao hospital às 16h29 e foi triado seis minutos depois. Morreu às 19h30 sem nunca ter saído da ambulância.

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O Ministério Público abriu um inquérito sobre a morte de um idoso, de 87 anos, na segunda-feira, no hospital de Portalegre, depois de estar quase três horas numa ambulância, revelou hoje a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Questionada pela agência Lusa através de correio eletrónico, fonte da PGR confirmou “a instauração de inquérito” sobre o caso, o qual se encontra em investigação no Ministério Público de Portalegre.

Também o hospital de Portalegre já anunciou a abertura de um inquérito interno para apurar as circunstâncias da morte do homem, utente de um lar em Cabeço de Vide, no concelho de Fronteira, naquele distrito.

A abertura de inquérito na unidade hospitalar foi anunciada à Lusa, na madrugada de terça-feira, pelo presidente do conselho de administração e pelo enfermeiro-diretor da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano (ULSNA), Joaquim Araújo e Jorge Marques, respetivamente.

Os responsáveis indicaram, então, que o idoso foi triado dentro da ambulância que o transportou até ao hospital, na qual esteve, pelo menos, duas horas e 44 minutos, devido à zona dedicada à Covid-19 no Serviço de Urgência estar lotada.

Segundo as mesmas fontes, o idoso foi inscrito no hospital às 16h29 e triado por um enfermeiro, dentro da ambulância, seis minutos depois, às 16h35.

“O doente é totalmente dependente, é trazido [ao hospital] por dispneia [falta de ar] de um lar de Cabeço de Vide, onde há um surto de Covid-19, razão pela qual entra no circuito ‘Covid’”, explicaram.

No entanto, de acordo as fontes da ULSNA, o doente não estaria infetado pelo vírus que causa a Covid-19, informação que apenas terá sido obtida pela unidade hospitalar após ter sido declarado o óbito.

Na sequência da triagem, foi possível apurar que o doente não estava “dispneico pela saturação baixa [de oxigénio]” e foi-lhe atribuída a pulseira amarela, de doente urgente.

“Na altura em que é triado, o enfermeiro fala com a médica que passa pela ambulância” para “ver o doente, pois, a área dedicada a doentes respiratórios estava lotada, tendo a médica confirmado que o doente estava estabilizado”, disse Jorge Marques.

Às 19h13, uma enfermeira em funções de chefe de equipa foi abordada por um bombeiro, que a informou que o octogenário “estava pior”, tendo o idoso sido assistido, de imediato, na ambulância.

Dali, ainda de acordo com as mesmas fontes, foi levado para a sala de reanimação da área dedicada a doentes respiratórios, onde o óbito acabou por ser declarado 17 minutos mais tarde, às 19h30.

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