22 jan, 2021 - 12:26 • Olímpia Mairos
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O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) tem 142 doentes internados com Covid-19, 125 em enfermaria e 17 em cuidados intensivos.
Segundo a diretora clínica, Paula Vaz Marques, ainda “há vagas, quer em cuidados intensivos, quer em enfermaria” e o CHTMAD, se “for necessário”, pode “abrir mais enfermarias dedicadas à Covid”.
A situação “está um bocadinho complicada, mas está controlada”, garante Paula Vaz Marques, realçando que o CHTMAD fez “um esforço grande, um investimento grande, não só nos recursos humanos, mas também em equipamentos e em espaços e infraestruturas, de maneira a estarmos preparados para esta pandemia”.
“Estamos longe da situação de catástrofe”, afirma a responsável, explicando que, “para nós, a situação de catástrofe é já termos esgotado todas as camas que existem e já não termos onde por os nossos doentes”.
Não é o que se verifica nos três hospitais do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde foram alocados espaços não dedicados à Covid para responder o crescente número de casos.
“Para já, ainda não temos grande penalização em termos reais, porque os doentes não Covid estão a ser internados noutras áreas e está a ser reorganizado o espaço não Covid. Não tivemos ainda doentes que não tivessem cama, quer de Covid quer de não Covid”, assegura Paula Vaz Marques, acrescentando que “não há macas nas urgências, nem doentes à espera de serem internados”.
Ainda assim, o CHTAMD teve que remarcar algumas cirurgias não urgentes para disponibilizar camas nas enfermarias de cirurgia, para acolher quer doentes Covid, quer não Covid.
A diretora clínica do CHTAMD nota “um aumento franco de número de casos na região, que se refletiu no número de internamentos por dia, a partir de fins de dezembro”.
“Esta semana atingimos o nosso máximo, em termos de doentes Covid internados. Na terça feira tivemos 157 doentes internados”, especificou.
De acordo com a médica, “a maior parte das pessoas internadas são idosos, na casa dos 70, 80, 90 anos, mas também estão internados doentes com 20 anos, com 30 e com 40”.
A diretora clínica do CHTAD nota que os profissionais de saúde, cerca de três mil, estão “cansados, exaustos, mas continuam a resistir”, ainda assim, teme as próximas semanas em que se perspetiva um aumento de número de internamentos em enfermaria e em cuidados intensivos.
“Eu tenho esperança que não vai esgotar a nossa capacidade, porque temos outros cenários preparados, se for necessário, mas tenho medo, tenho receio que a situação tome proporções avassaladoras”, afirma a diretora clínica.
O diretor do serviço de Medicina Interna, Fernando Salvador, está na linha da frente do combate à Covid-19 e nota que o trabalho “aumentou exponencialmente”.
“O sentimento é de algum cansaço, vamos sempre arranjando estratégias internas para arranjar mais energia, para continuarmos na linha da frente, para continuarmos a tratar os doentes. Mas a sobrecarga já é muita, neste momento, atendendo ao grande volume de doentes, um volume de trabalho enorme”, relata o médico.
Fernando Salvador antevê dias difíceis nas próximas semanas e aponta o verão como o tempo de alguma acalmia.
“Nesse horizonte longínquo eu acho que teremos momentos muito complicados no próximo mês, nos hospitais do SNS”, refere, acrescentando que a “única solução para tentarmos minorar, mais do que as medidas que foram tomadas, é a responsabilidade individual e a responsabilidade de cada um ficar em casa, o limitar os contactos, isso é fundamental”.
“Mais do que asseguramos camas ou arranjarmos estratégias para o SNS não entrar em rotura, mais do que isso, é a consciência de cada um e dos nossos concidadãos de tentarem arranjar estratégias para ficarem em casa e para reduzir ao máximo o seu número de contactos”, enfatiza o médico.
O CHTMAD tem sede social em Vila Real e agrega os hospitais de Chaves e Lamego.