28 jan, 2021 - 18:24 • Fábio Monteiro
Para o Conselho Geral dos Enfermeiros de Espanha, entidade análoga à Ordem dos Enfermeiros em Portugal, o país vizinho não tem, neste momento, capacidade para acolher doentes portugueses. E se o Governo de Lisboa lançar um pedido de ajuda internacional a Madrid, e pedir profissionais de saúde, também não terá sorte.
“O aumento de infeções, hospitalizações e mortes torna muito difícil ajudar outros países. As unidades de cuidados intensivos de muitos hospitais já estão no máximo da sua capacidade”, disse Florentino Pérez Raya, presidente do Conselho Geral dos Enfermeiros de Espanha, em declarações à Renascença esta quinta-feira.
Questionado se existirão enfermeiros “livres” para vir prestar auxílio em solo nacional, Florentino Pérez Raya ergueu um cenário negro. “Atualmente, em Espanha, não temos enfermeiros desempregados. Depois de quase um ano a lutar contra o vírus, as enfermeiras espanholas são vítimas de um esgotamento físico e mental sem precedentes”, afirmou.
A posição do responsável máximo do Conselho Geral de Enfermeiros de Espanha contrasta com a do presidente da Comunidade Autónoma da Galiza, também ouvido esta quinta-feira pela Renascença.
O governante espanhol revelou ainda não ter recebido nenhum pedido de auxílio do Estado português para acolhimento e tratamento de doentes infetados com o novo coronavírus, mas disse estar disponível para colaborar.
“Gostaria que Portugal atravessasse esta onda pandémica com o menor dano possível. Posso assegurar que, em função das nossas possibilidades, em função do que nos solicitem, claro, consideraríamos alguma proposta concreta de material ou de colaboração”, afirmou.
Na quarta-feira, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, em declarações à Renascença, disse que o pedido de ajuda internacional para o combate à Covid-19 em Portugal já está a ser articulado de forma informal por vários ministérios do Governo de António Costa.
“Formalmente, estamos ainda a utilizar o nosso limite e capacidade de expansão. Sei que há contactos informais entre ministérios no sentido de fazermos planeamento e prepararmos cenários. Neste momento, estamos a planear e preparar cenários para responder às necessidades dos portugueses da melhor forma”, disse.