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Covid-19

"​Casos vergonhosos" na vacinação “têm que parar porque há gente a morrer”

03 fev, 2021 - 17:46 • Pedro Mesquita , com redação

Em declarações à Renascença, o antigo ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes defende que o plano de vacinação contra a Covid-19 seja liderado pela saúde pública, com um papel mais importante dos militares. Francisco Ramos, coordenador do plano, demitiu-se esta quarta-feira.

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Adalberto Campos Fernandes sobre o plano de vacinação Covid

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Adalberto Campos Fernandes defende mudanças no plano de vacinação contra a Covid-19. O antigo ministro da Saúde considera que os casos “vergonhosos” de irregularidades estão a minar a confiança no processo e “têm que parar”, porque “há gente a morrer e a sofrer”.

Em declarações à Renascença, Adalberto Campos Fernandes faz um apelo, enquanto cidadão, ao primeiro-ministro e ao Presidente da República, porque “estamos a levar longe de mais a não credibilidade de um processo que é vital para o país”.

O antigo ministro defende que o plano de vacinação para a Covid-19 deve ser liderado pela saúde pública e que os militares podem ter um papel reforçado.

“Deixo uma modesta e humidade sugestão, que na condução deste processo devam estar dois tipos de competências: primeiro, não se compreende que um plano de vacinação esteja alheado de uma liderança da saúde pública. Não é uma questão meramente jurídica e administrativa, é uma questão da saúde pública”, sublinha.


“A liderança deste processo tem de ser dupla. Por um lado, na condução dos aspetos de saúde deve ser a saúde pública e alguém com competência nessa área, de saúde pública e vacinação, e os militares no plano logístico devem ter um papel acrescido e reforçado”, defende Adalberto Campos Fernandes.

O coordenador do plano de vacinação Francisco Ramos demitiu-se devido a irregularidades na seleção para vacinação de profissionais de saúde no Hospital da Cruz Vermelha, onde é presidente da comissão executiva.

Adalberto Campos Fernandes elogia a “atitude digna” de Francisco Ramos, mas lamenta que não tenha sido seguido por outros responsáveis.


O especialista em saúde pública alerta que os “casos vergonhosos”, de pessoas vacinadas apesar de não integrarem os grupos prioritários, “desonram e põem em causa o bom nome das instituições”.

“Infelizmente, noutros locais, outras demissões já deveriam ter ocorrido e não deviam estar dependentes de processos de inquérito e de intervenções do Ministério Público, isto tem que parar porque há gente a morrer, há gente a sofrer e há um capital de confiança que se está a perder, porque entrámos numa deriva incompreensível”, adverte o antigo ministro da Saúde.

Adalberto Campos Fernandes pede às pessoas que ainda não se demitiram que “metam a mão na consciência e reflitam se não se deveriam demitir-se em nome da reposição da confiança” nas instituições e no processo de vacinação.

O primeiro-ministro, António Costa, defendeu esta quarta-feira que devem ser punidos os casos de abuso e de não cumprimento das regras de prioridade no atual processo de vacinação e pediu aos cidadãos "confiança" nas autoridades técnicas e de saúde.

Na segunda-feira, o Ministério Púbico anunciou a abertura de inquéritos em relação a casos que envolvem o INEM de Lisboa e do Porto, a Segurança Social de Setúbal e outras instituições na vacinação contra a covid-19 de casos não prioritários.

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Comentários
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  • Ivo Pestana
    03 fev, 2021 RAM 22:24
    Mas não vão parar. O ser humano é assim e vai acontecer em todo o mundo. Infelizmente.

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