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Pandemia

Covid-19. Rui Rio defende que a coordenação da vacinação seja entregue às Forças Armadas

03 fev, 2021 - 18:54 • André Rodrigues com Lusa

Saída de Francisco Ramos deve ser "uma oportunidade de desenhar uma task force" com profissionais mais vocacionados para logística de grande escala do que em saúde, defende o líder do PSD.

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Rui Rio sugere ao Governo que entregue às Forças Armadas a gestão do plano de vacinação contra a Covid-19.

Reagindo esta quarta-feira no Parlamento à saída de Francisco Ramos da liderança da task force de vacinação contra o novo coronavírus, o presidente do PSD disse esperar que “o Governo, com a demissão do Dr. Francisco Ramos, tenha a oportunidade de desenhar uma task force, a começar pelo coordenador, que assente em pessoas que têm formação para aquilo que tem de se fazer agora”, defendendo que, face aos erros e alegados abusos relacionados com o plano de vacinação, a coordenação deve ser feita, “não na lógica da saúde mas na lógica da logística”.

“Uma das possibilidades que temos - se eu estivesse nessa posição, era por onde eu caminhava - era pedir o apoio das Forças Armadas e, em particular do Exército, que tem formação adequada para operações deste género”, sugeriu Rio.

Noutro plano, o líder social-democrata deixou críticas ao Governo pelo ritmo a que está a decorrer a vacinação contra a Covid-19.

“Nós temos de vacinar 70% da nossa população adulta, são 5,5 milhões de pessoas até ao fim de junho, porque se nós não o fizermos, nós deitamos fora o verão e damos cabo ainda mais da economia nacional e particularmente o turismo”, disse.

Rui Rio fez as contas e concluiu que, para cumprir o objetivo, será necessário administrar “cerca de 50 mil doses, em média, por dia. Até à data, estamos a dar 10 mil doses por dia, já vamos com atraso. Dentro em pouco, se quisermos cumprir, já não é com 50 mil, é com 80 mil ou com 90 mil doses por dia”.

Daí a questão: “está preparado o país, do ponto de vista logístico, das instalações para dar 70 mil doses ou 80 mil doses, quando, nesta altura, só tem capacidade para 10 mil?”

Já CDS-PP manifesta "estranheza" pelos motivos alegados pelo coordenador da 'task force' para o Plano de Vacinação contra a Covid-19 para a sua demissão, e, em linha com o que defendeu Rui Rio, também propõe que as Forças Armadas fiquem responsáveis pela coordenação.

Numa declaração aos jornalistas na Assembleia da República, em Lisboa, a deputada centrista Ana Rita Bessa manifestou "estranheza dos motivos alegados para a demissão" e considerou "um bocadinho 'sui generis', no meio de tudo aquilo que se passa com o plano de vacinação, que a razão se prenda com uma outra função que Francisco Ramos exerce na Cruz Vermelha".

"Portugueses podem confiar no plano de vacinação", defende o PS

Do lado do PS, Sónia Fertuzinhos contrapõe os argumentos da oposição, e assegura que “a vacinação está a decorrer ao ritmo que estava previsto, tendo em conta o ritmo a que as vacinas vão chegando da UE”.

Defendendo a estratégia que tem sido seguida pelo Governo, a deputada socialista considera que “os portugueses podem ter confiança na forma como o plano está a ser executado”, ao mesmo tempo que sublinha a sua confiança na “capacidade do SNS de implementar com sucesso até ao fim o plano de vacinação”.

Sobre Francisco Ramos, que renunciou à coordenação do Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19, Sónia Fertuzinhos diz tratar-se de “uma das pessoas no país mais capazes para a tarefa que tinha em mãos”, embora ressalve que “não sabemos os contornos da sua demissão”.

Seja como for, a deputada do PS refere que esta demissão “não põe em causa o trabalho da task force, nem põe em causa o ritmo de vacinação, tal como está previsto no plano”.

PAN quer explicações do Governo sobre irregularidades

O Pessoas-Animais-Natureza (PAN) mostra-se preocupado com as irregularidades identificadas na administração das vacinas contra a Covid-19, que justificaram a demissão do coordenador do plano de vacinação, e pediu explicações ao Governo.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, a deputada Bebiana Cunha começou por reconhecer "o trabalho feito" pelo coordenador da 'task force' para o Plano de Vacinação contra a Covid-19 em Portugal, Francisco Ramos, que se demitiu do cargo.

A deputada do PAN considerou que a justificação apresentada por Francisco Ramos merece "um cabal esclarecimento por parte do Governo" e mostrou-se preocupada também com "as alegadas irregularidades que têm acontecido um pouco por todo o país".

Bebiana Cunha referiu que existem "pessoas a passar à frente da sua vez, vacinas a serem atribuídas sem qualquer diretriz ou sem qualquer lógica, apenas porque são excedentárias", salientando que, para o PAN, isso "é incompreensível" e não é "aceitável que se continue a passar estas irregularidades".

"Há aqui uma necessidade urgente de o Governo se pronunciar face a esta matéria, e nós esperamos que o faça o quanto antes", destacou, querendo saber se está em causa "falta de comunicação, falta de diretrizes", e o que vai "o Governo efetivamente fazer".

Francisco Ramos "já sai tarde", diz IL

A Iniciativa Liberal defendeu esta quarta-feira que Francisco Ramos “já sai tarde” da coordenação da ‘task force’ para o Plano de Vacinação contra a Covid-19, considerando que a “incompetência e desfaçatez já deviam ter tido consequências”.

“Francisco Ramos sai e já sai tarde. A incompetência e desfaçatez já deviam ter tido consequências. Não conseguir definir e controlar os critérios de vacinação no próprio Hospital a que preside é só mais uma evidência da sua desadequação ao cargo. Fica, aliás, por saber se tal fracasso não justifica, também, o seu afastamento do Hospital da Cruz Vermelha”, criticou a Iniciativa Liberal numa posição oficial enviada à agência Lusa.

Para o partido representado no parlamento pelo deputado único, João Cotrim Figueiredo, “o importante é que o próximo coordenador da ‘task force’ seja escolhido pela competência e não pelos serviços prestados ao PS ou pela tendência para se meter na vida política ativa”.

“O importante é que seja uma pessoa com capacidade técnica na saúde e de gestão logística, ambas fundamentais para o sucesso de um plano de vacinação”, aponta.

Na perspetiva dos liberais, “é inaceitável que o planeamento de distribuição das vacinas não inclua uma metodologia de gestão das sobras”, assegurando assim que não se desperdiçam doses não utilizadas e que “não há aproveitamentos oportunistas ligados a lógicas de proximidade profissional, pessoal, familiar ou partidária”.

Chega. "É evidente que houve pressão do Governo" para demissão de Francisco Ramos

O líder do Chega, André Ventura, saudou a demissão de Francisco Ramos, defendendo que a decisão "peca por tardia".

"É evidente que houve pressão do Governo para que abandonasse estas funções", disse.

"O que fez foi lastimável. Mostrou não ter qualquer competência para este cargo e o que aconteceu é que Francisco Ramos poupou-se à vergonha de vir na terça-feira à Comissão de Saúde e de ser pedida a sua demissão", acrescentou.

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