03 fev, 2021 - 15:33 • Redação, com Pedro Mesquita
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Demitiu-se o coordenador do plano de vacinação contra a Covid-19, Francisco Ramos, avança o Ministério da Saúde, em comunicado.
O gabinete da ministra Marta Temido explica que Francisco Ramos renunciou ao cargo, na terça-feira, "por irregularidades detetadas pelo próprio no processo de seleção de profissionais de saúde no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa", do qual é presidente da Comissão Executiva.
"O funcionamento da Task Force mantém-se assegurado pelos restantes membros do núcleo de coordenação", refere o Ministério da Saúde.
O próprio Francisco Ramos divulgou um comunicado em que deu conta das razões da sua decisão.
"Ao tomar conhecimento de irregularidades no processo de seleção para vacinação de profissionais de saúde do Hospital da Cruz Vermelha, do qual sou Presidente da Comissão Executiva, considero que não se reúnem as condições para me manter no cargo de coordenador da task force para a elaboração do Plano de Vacinação Contra a COVID-19 em Portugal. Assim, apresentei ontem, dia 2 de fevereiro de 2021, à Senhora Ministra da Saúde, a renúncia ao cargo."
A presidência de Francisco Ramos deste órgão não tem sido isenta de polémicas. Recentemente, quando confrontado com irregularidades e polémicas em torno da vacinação, incluindo casos de pessoas não prioritárias que foram vacinadas nesta primeira fase, no sentido de saber se essas mesmas pessoas deviam agora receber a segunda toma da vacina, Francisco Ramos respondeu dizendo que os eleitores do Chega certamente pensam que não, mas que todos os outros devem ter mais solidariedade. Os comentários não caíram bem entre os partidos da oposição nem nas redes sociais.
Covid-19
Primeiro-ministro considera essencial que sejam re(...)
A Ordem dos Enfermeiros saúda a demissão de Francisco Ramos. Ana Rita Cavaco, a bastonária, calcula que tenha havido milhares de vacinações indevidas e só não compreende como é que Francisco Ramos continua a ocupar o seu cargo no Hospital da Cruz Vermelha.
"Aquilo que entendemos é que a gota de água, o que motiva a demissão, são irregularidades na vacinação do Hospital da Cruz Vermelha, que ele próprio preside. O que nós não compreendemos é que ele se demita da Task Force e não se demitir dessa instituição."
"Aquilo que nos interessa é que o trabalho seja feito e seja bem feito. Efetivamente isso, com as denúncias todas que recebemos, atrevemo-nos a dizer que houve milhares de vacinações indevidas. Portanto não nos interessa a pessoa que está à frente, interessa-nos é que faça aquilo que tem de fazer e a Ordem inclusivamente já se ofereceu para coordenar centros de vacinação e se isso tivesse acontecido estes casos de vacinações indevidas não teriam acontecido", conclui Ana Rita Cavaco.
Adalberto Campos Fernandes defende mudanças no plano de vacinação contra a Covid-19. O antigo ministro da Saúde considera que os casos “vergonhosos” de irregularidades estão a minar a confiança no processo e “têm que parar”, porque “há gente a morrer e a sofrer”.
Em declarações à Renascença, Adalberto Campos Fernandes faz um apelo, enquanto cidadão, ao primeiro-ministro e ao Presidente da República, porque “estamos a levar longe de mais a não credibilidade de um processo que é vital para o país”.
O antigo ministro defende que o plano de vacinação para a Covid-19 deve ser liderado pela saúde pública e que os militares podem ter um papel reforçado.
Em relação às irregularidades noticiadas no processo de vacinação, Adalberto Campos Fernandes alerta que os “casos vergonhosos” têm que "parar porque há gente a morrer, há gente a sofrer e há um capital de confiança que se está a perder".