04 fev, 2021 - 23:23 • Ana Carrilho
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O presidente da Confederação Nacional das Instituições Particulares de Solidariedade Social (CNIS) defendeu esta quinta-feira, no Parlamento, que os dirigentes ativos das instituições, que também participam no apoio aos utentes dos lares, também devem receber imunização contra a Covid-19 na primeira fase de vacinação.
Na audição da Comissão Eventual para Acompanhamento da Aplicação das Medidas de Resposta à pandemia, o padre Lino Maia classificou os abusos que têm vindo a público como "inaceitáveis", embora tenha sublinhado que há casos em que se justifica que os dirigentes também sejam vacinados.
“Se há aqui um criminoso, sou eu. Eu é que coloquei a questão em três instâncias: na Comissão Permanente, à sra. ministra, ao ex-coordenador da ‘task force’ e, também, ao primeiro-ministro. Nenhum dos três me disse ‘amém’, mas também nenhum me contrariou. E um dos três até achou que se justificava”.
O presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias, Manuel de Lemos, também defendeu a ideia e rejeita os abusos.
Ambos os dirigentes do setor social frisaram que o processo de vacinação está a correr bem, começou e deverá acabar antes da data prevista, 6 de março.
Por causa dos mais de 300 surtos existentes em lares, cerca de 30 mil idosos ainda não puderam ser vacinados. Lino Maia informou os deputados que a sua vacinação está garantida quando os surtos terminarem e depois de ultrapassados os períodos de isolamento
Apesar de não se conhecer ainda quantos são os lares não legalizados, Lino Maia aplaude o facto dos idosos dos 800 lares que, entretanto, foram identificados também receberem a vacina. Mas defende que é preciso criar um grupo para a sua legalização.
A pandemia veio acentuar a necessidade de mudar o modelo dos lares, para darem respostas diferentes e mais adequadas às necessidades atuais.
“Temos de nos sentar todos e ver quanto é que isso custa", frisou Manuel Lemos, da União das Misericórdias.
"Os espaços têm que ser pensados, redimensionados e para isso, pode-se aproveitar o dinheiro da “bazuca” para fazer as obras. Mas não chega: de que vale ter 500 piscinas, se depois não tenho água para lá meter dentro. E o que é a água? É o abastecimento financeiro da exploração, não é o investimento”.
Ambos os dirigentes do setor social defenderam a necessidade de valorizar os trabalhadores que, admitem, “têm um trabalho muito duro e ganham muito mal”. Mas para isso, é preciso que o Estado aumente a sua comparticipação nas despesas dos utentes.
O Estado comparticipa com cerca de 400 euros por utente e segundo um estudo da Universidade Católica referido por Manuel de Lemos, em 2018, essa verba correspondia a 38% da despesa total. “Atualmente, com os custos acrescidos por causa da pandemia não deverá ultrapassar os 30%.”
E segundo o responsável da CNIS, Lino Maia, 70% das despesas são para pagar pessoal.