05 fev, 2021 - 16:31 • Joana Gonçalves
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Portugal tem vindo a registar, nos últimos dias, um decréscimo de novas infeções diárias por Covid-19. Só na última semana, a média de novos casos diminuiu em cerca de 36%.
O reforço de medidas imposto pelo Governo, há precisamente 15 dias, começa a fazer-se notar na inversão da curva epidemiológica do país. Ainda assim, é cedo para se levantar restrições, defende Manuel Carmo Gomes.
Em declarações à Renascença, o professor de epidemiologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa compara a situação que se vive no país a um soldado que pisou uma mina. Para sair ileso é imperativo garantir um contrapeso à medida das necessidades.
“É como aquele soldado que pisa uma mina e que não pode sair, porque se tirar o pé ela explode. Tem de pôr um peso igual a ele em cima da mina para poder sair e a mina não explodir. É a mesma coisa. Aqui o contrapeso é a testagem”, explica o especialista.
Para Carmo Gomes, é essencial “aumentar muito a nossa capacidade de testagem e de rastreio, para apanharmos as cadeias de transmissão o mais cedo possível”.
Covid-19
Responsáveis pela petição, que contava com quase 3(...)
Atualmente, Portugal apresenta uma taxa de positividade, isto é, percentagem de novos casos positivos no total de testes diários, que se aproxima dos 20%. De acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde, o valor deveria fixar-se nos 5%.
“Nós estamos muito aquém”, alerta epidemiologista. “Queremos que [os novos casos] desçam para um nível que seja gerível, do ponto de vista hospitalar, mas para tirarmos o pé da mina temos de aumentar a testagem ao ponto de fazer com que o número médio de casos por dias seja 5% do total de testes”, explica.
Entre o reforço de medidas restritivas decretadas pelo Governo estão a retoma das actividades educativas e lectivas em regime não presencial e o controlo de fronteiras terrestres.
Esta sexta-feira, o país regista mais 6.916 novos casos de infeção e 258 mortes devido à Covid-19. O número de internamentos em unidades de cuidados intensivos atingiu um novo máximo: 904 internados. Já os casos ativos voltaram a descer. São agora 156.758 os portugueses infetados com o novo coronavírus.