09 fev, 2021 - 13:53 • Redação
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"É bastante evidente que o atual confinamento tem de ser prolongado por mais tempo", declarou esta terça-feira a ministra da Saúde. Marta Temido admite a continuação das atuais restrições até meados de março.
Marta Temido, que falava aos jornalistas após uma reunião com especialistas na sede do Infarmed, em Lisboa, diz que "as medidas adotadas estão a resultar", mas é preciso continuar com restrições para travar a pandemia de Covid-19.
"Apesar destas medidas estarem a produzir resultados, é bastante evidente que o atual confinamento tem de ser prolongado por mais tempo, durante o mês de fevereiro e, depois, sujeito a uma avaliação, mas por um período que hoje os peritos estimaram em 60 dias a contar do seu início", disse a ministra da Saúde.
A governante constata que o confinamento geral está a reduzir o número de novos casos, de mortes, a incidência da doença, começa a aliviar a pressão sobre os hospitais e teve impacto na circulação das novas variantes, nomeadamente da estirpe britânica.
No entanto, o confinamento geral é para continuar até Portugal voltar a ter "cuidados intensivos com ocupação abaixo das 200 camas e incidência a 14 dias abaixo dos 60 casos por 100 mil habitantes".
Marta Temido diz que, de acordo com os cenários matemáticos dos especialistas, serão precisos 60 dias para chegar a esse patamar da pandemia.
A ministra da Saúde defende, também, que é preciso "voltarmos a investir no alargamento e multiplicação da testagem massiva".
"O rastreio é essencial para conhecer estado da infeção na população, quando há decréscimo da incidência tende a haver menor procura de testes pela população. Temos que contrariar essa tendência natural, por efeito de uma ação decisiva sobre o alargamento da testagem, designadamente a massificação de testes rápidos de antigénio para, a qualquer momento, podermos perceber o estado da infeção na população", frisou.
Marta Temido confirmou, ainda, que o epidemiologista Manuel Carmo Gomes vai deixar de participar nas apresentações do Infarmed sobre a evolução da pandemia de Covid-19.
O investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa é um crítico da estratégia do Governo para a Covid-19, mas a ministra rejeitou qualquer motivação política e disse que foi Carmo Gomes quem pediu para sair, por motivos de agenda.
Em declarações ao jornal "Público", Manuel Carmo Gomes rejeita qualquer ligação entre abandonar as apresentações no Infarmed e o seu desacordo com a ação do Governo no combate à pandemia.
“Vou continuar a apoiar as reuniões do Infarmed, poderei estar presente para esclarecer dúvidas. Agora, deixo de estar obrigado a fazer apresentações, porque estou muito sobrecarregado com a Comissão Técnica de Vacinação [da Direcção-Geral da Saúde, comissão de que é membro] e porque as aulas [na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, onde é professor] vão começar”, explica o epidemiologista.
Portugal regista esta terça-feira mais 203 mortes por Covid-19, 2.583 novos casos e menos 274 internados, indica a Direção-Geral da Saúde (DGS).
Desde a chegada da pandemia ao país, no início de março do ano passado, estão confirmados 15.557 mortes e 770.502 casos.