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​Quando a escola de acolhimento se transforma na sala de aulas à distância

09 fev, 2021 - 13:00 • Maria João Costa

O ensino à distância está de volta. Há escolas de acolhimento para filhos de trabalhadores essenciais que vão continuar a receber alunos, mas agora em vez de atividades, passam a ter aulas.

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No concelho de Cascais, no Agrupamento de Escolas de Carcavelos, foram identificados 94 alunos sem computador. A autarquia liderada por Carlos Carreira teve de encontrar uma solução para que estes estudantes do concelho pudessem retomar as aulas, agora, no regime de ensino à distância.

Graça Oliveira, a diretora do agrupamento, diz em entrevista à Renascença que manter a ligação com os alunos tem sido “o principal desafio” deste ano letivo atípico. Nesta batalha de manter os estudantes “ligados” defrontaram-se com um problema: “tínhamos ainda 94 alunos sem computador. Ainda não tinham sido contemplados pelo Ministério da Educação”.

Estes estudantes não chegaram a receber meios a tempo do retomar das aulas, explica esta responsável pelo agrupamento de Carcavelos, que encontrou resposta na autarquia. “A Câmara Municipal cedeu-nos esses equipamentos e essa parte ficou colmatada”, explica.

No início desta semana, estes alunos retomaram a atividade letiva e alguns deles vão fazê-lo nas escolas de acolhimento. As salas de aula que durante a suspensão serviram para receber os alunos de trabalhadores essenciais, e onde se organizaram atividades, agora passam também a ser a sala de aula alternativa para quem não pode ficar em casa.


“Teremos na escola de acolhimento professores e educadores que estarão com os alunos a orientar o estudo. Os alunos trarão os seus próprios equipamentos, embora nós tenhamos na escola alguns que podemos ceder. O professor estará lá, mas o aluno estará com a sua turma online e com os seus professores. Estará em vídeo conferência ou em trabalho autónomo, com a ajuda desses professores que estarão disponíveis para os ajudar”, conta Graça Oliveira.

Pais mais confiantes do que no primeiro confinamento

A Escola Básica dos Lombos, em Carcavelos, é uma das do concelho de Cascais que acolheu filhos de trabalhadores essenciais, no primeiro e agora de neste segundo confinamento.

Montar este apoio é uma operação de logística, refere o presidente da Junta de Freguesia de Carcavelos e Parede. Nuno Alves diz que à porta da escola chegam, sobretudo, filhos de “profissionais de saúde e elementos ligados à Polícia de Segurança Pública”.

O autarca acrescenta que, por serem profissões que trabalham por “turnos”, o número de crianças por dia na escola pode variar e nem todas chegam logo pela manhã.


A junta é um dos parceiros desta operação que se repete em outras escolas do concelho. Nuno Alves olha para a experiência do primeiro confinamento, em março do ano passado, e nota diferenças.

“Neste estado de emergência denota-se uma maior procura e menos receio. Há um maior conhecimento da Covid-19, as pessoas adaptaram-se melhor e nós estamos disponíveis para acolher crianças de qualquer parte do concelho”, refere o presidente da freguesia.

À porta da escola dos Lombos, à hora de almoço ouve-se barulho a sair da cozinha e veem-se muitos pais com sacos de supermercado na mão que vêm buscar refeições. Esta escola dá apoio alimentar em “take-away”, diz à Renascença Graça Oliveira.

A responsável pelo Agrupamento de Escolas de Carcavelos, que abarca oito escolas do concelho de Cascais e um universo de mais de 2.500 alunos, explica que há agora maior procura por apoio alimentar.

Talvez seja por causa de situações de desemprego, admite esta responsável, que dá como exemplos os números de Carcavelos. “No ano passado, em março, tivemos muito menos, tivemos 12, 13 refeições que estávamos a dar por dia. Mas agora começamos logo com cerca de 30 refeições e tem-se mantido mais ou menos nesse número”.

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