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Cancro

30% dos inscritos para cirurgia em dezembro eram doentes oncológicos

10 fev, 2021 - 18:28 • Lusa

Ministra da Saúde revelou esta quarta-feira no Parlamento que está a trabalhar em conjunto com o Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, a Administração Central do Sistema de Saúde e os três IPO para delinear um plano para minimizar os efeitos da pandemia na atividade cirúrgica na área do cancro.

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Mais de cinco mil utentes estavam inscritos para cirurgia em dezembro de 2020, 30% dos quais nos institutos portugueses de oncologia (IPO), avançou esta quarta-feira a ministra da Saúde.

“As regiões de Lisboa e do Vale do Tejo, bem como a região do Algarve, eram as que tinham mais situações de inscritos para além dos Tempos Máximos de Resposta Garantidos e, portanto, são aquelas que irão ter a nossa maior preocupação”, afirmou Marta Temido na Comissão de Saúde, em resposta a questões levantadas por deputados.

A ministra adiantou que na resposta à área da oncologia, e antecipando a importância de se ter um plano de recuperação da atividade nesta área, o Ministério da Saúde promoveu já uma reunião de trabalho entre o Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, a Administração Central do Sistema de Saúde e os três IPO para delinear “um plano para a minimização do comprometimento da atividade cirúrgica na área oncológica”.

Na sequência da análise efetuada aos dados das listas de inscritos a dezembro de 2020 e com base na informação veiculada pelas três IPO e pela coordenação do programa, a ministra destacou que muitos hospitais gerais promoveram desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020, uma articulação clínica com os IPO para a resolução das “situações clínicas oncológicas mais inadiáveis”.

“Portanto, houve a proatividade das instituições para garantir esse funcionamento em rede” para dar resposta aos que necessitavam.

Nessa data, em dezembro de 2020, “existia um número superior a 5.000 utentes inscritos para cirurgia, dos quais 30% nos IPO e, portanto, estas entidades também têm independentemente de tudo as suas próprias listas de espera para resolverem e nós não podemos ignorar isso”, salientou Marta Temido.

Em face deste estado de evolução, o Programa Nacional para as Doenças Oncológicas tem em curso a elaboração de um documento com estratégias imediatas para abordar a cirurgia oncológica, adiantou.

As estratégias passam pela “manutenção da realização de cirurgia oncológica até ao nível 3 dos planos de contingência hospitalares, sempre que haja condições para a separação de circuitos, a proteção da capacidade cirúrgica de especial complexidade técnica”, como a cirurgia hepática e pancreática, neurocirurgia ou onco-oftalmologia, com a definição de unidades hospitalares com camas de cuidados intensivos dedicadas e reservadas para os pós-operatórios desta área.

“O plano pretende que possa funcionar clusters regionais de hospitais com atividade nesta área de forma a ajudar a esta resposta que queremos garantir de uma forma que precisamos de acelerar agora nos próximos meses”, salientou a ministra da Saúde.

Disse ainda que o Governo partilha inteiramente as preocupações centrais do plano europeu de combate ao cancro nas suas quatro dimensões.

“Desde logo a prevenção, a deteção precoce, o diagnóstico e tratamento atempados, maioritariamente com respostas que funcionem em centros de referência pela qualidade acrescida de desempenho”, frisou,

Partilha também da preocupação do seguimento dos doentes pós-cura, pós recuperação de uma situação oncológica, e o seu direito a prosseguirem a sua vida o mais integrados possível.

Ainda sobre a atividade não Covid-19, adiantou que “os centros de saúde, hospitais e unidades de cuidados continuados integrados e também a rede de paliativos tiveram a resiliência suficiente para ao longo do ano de 2020, nos períodos em que a pandemia foi menos intensa, melhorarem os níveis de resposta”.

Contudo, assinalou, “muito ficou por fazer, mas isso vai ser continuado em 2021”.

Mas ao nível dos cuidados de saúde primários, disse, os dados provisórios a dezembro apontam no sentido de um aumento do total de consultas médicas “na casa dos 3%”, uma subida “muito conseguida à custa das consultas não presenciais”, mas ainda assim uma resposta a necessidades assistenciais.

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