Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Pandemia. Mais de metade dos produtores de vinho com quebras nas vendas em 2020

10 fev, 2021 - 17:00 • Lusa

São estimadas perdas superiores a 100 milhões de euros, devido à pandemia de covid-19.

A+ / A-

A associação que congrega as 14 regiões vitivinícolas nacionais alertou esta quarta-feira que 61% das 1.716 empresas de vinhos do país venderam menos em 2020, estimando perdas superiores a 100 milhões de euros, devido à pandemia de covid-19.

“Das 1.716 empresas que foram abrangidas nesta avaliação que todas as associações fizeram, 61%, ou seja, 1.049 empresas, tiveram vendas inferiores às de 2019”, o que significa “um grande número de empresas com perdas”, revelou à agência Lusa o presidente da Associação Nacional das Denominações de Origem Vitivinícolas (ANDOVI), Francisco Mateus.

Das 1.049 empresas com perdas, houve “216 que tiveram quebras [de vendas] até 20%, 408 quebras entre 20 e 50%” e 361 quebras superiores a 50%”, isto é, sofreram uma “quebra de cerca de metade do que tinham vendido em 2019”, indicou.

Segundo a análise à situação económica do setor a nível nacional, no ano passado, traçada pela ANDOVI e à qual a Lusa teve acesso, as 1.049 empresas com quebras “venderam menos 41,3 milhões de litros, o que equivale a 55 milhões de garrafas”.

“Assumindo um valor médio de dois euros por garrafa, estima-se que as quebras nas vendas em 2020 superaram 100 milhões de euros que não foram vendidos” por estas empresas que comercializam vinhos com Denominação de Origem (DO) e Indicação Geográfica (IG), pode ler-se no documento.

Para Francisco Mateus, a situação “é alarmante” e retrata a existência de “um conjunto muito grande de empresas” que teve quebras, “traduzidas em litros e em garrafas”, pelo que “há um volume muito grande de vinho que não foi vendido e está na casa dos produtores”.

“Não houve faturação, não houve entrada de dinheiro nessas empresas” e, com o novo ano, essas mesmas empresas “voltam a ter todo o ciclo produtivo que está a correr”, nomeadamente “todos os encargos que têm de fazer na vinha, com as podas que já fizeram, os tratamentos que vão fazer”, sem que “estejam a faturar”, alertou.

E o problema “é que são as empresas de menor dimensão, que vendem menos quantidade por ano, que estão a ser as mais atingidas”, realçou.

No âmbito das medidas de combate à pandemia de covid-19, o canal HORECA, da restauração e do turismo, foi afetado, porque estes estabelecimentos foram fechados, afetando muitos destes produtores de vinho, pois, este é o seu principal canal de vendas, lembrou Francisco Mateus.

“Quando olhamos para estas empresas e tentamos perceber quais são os canais de vendas onde elas normalmente estão a atuar é, essencialmente, ao nível do HORECA, da hotelaria e da restauração, que, pelos dados que temos, foi também o setor mais afetado nas vendas em Portugal”, afirmou.

Há “muitas empresas” do setor do vinho “espalhadas por todo o país” que “estão a ser muito afetadas por estes efeitos da pandemia, pela quebra no turismo, pelo fecho dos restaurantes, e, portanto, têm de ser apoiadas” pelo Governo, defendeu.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+