11 fev, 2021 - 08:00 • Liliana Carona
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Inês Coelho, de 13 anos, frequenta o sétimo ano de escolaridade. Com o computador portátil debaixo do braço, prepara-se para assistir às aulas de matemática e francês.
Mas antes, porque o sinal de rede está fraco, caminha em passo apressado para o campo de futebol, onde consegue fazer telefonemas e ter rede Internet sem falhas.
“Oh pai! Aqui não há net, vou ao campo de futebol, a antena está ali em cima”, diz.
O pai, José Duarte, 52 anos, corrobora: “é muito difícil apanhar sinal. Aqui não temos nada, sempre foi assim, aqui não há nada”.
O tesoureiro da Junta de Freguesia de Forninhos, João Santos, 54 anos, também confirma o constrangimento.
“Há dois anos, veio a NOS, mas quem tem MEO não consegue aceder, tem de ir lá para cima, para o campo da bola; os casais vão ao campo da bola para telefonar. A Junta faz tudo por tudo para não ficarmos esquecidos, mas parece que estamos esquecidos”, lamenta à Renascença.
Reitores
Presidente do Conselho de Reitores das Universidad(...)
“Mesmo ao nível de televisão é difícil. A Junta de Freguesia gastou um certo dinheiro, montou antenas para melhorar o sinal, mesmo assim nunca melhorou. Só mesmo fora da povoação é que há net. Estamos esquecidos, aqui no canto”, conclui João Santos.
No canto de casa, ao pé do 'router', Inês, tenta assistir às aulas. “Aqui, nesta casa, não há net. Ligo a uma amiga quando a net falha, para avisar os professores e, se não conseguir, como já aconteceu, uma manhã inteira, explicaram-me depois a matéria e deram-me os apontamentos”, conta, apressando-se a verificar o sinal de rede no portátil.
O mesmo problema é sentido pela vizinha Ana Luísa, de 13 anos, também aluna do 7º ano.
“Fica muito lento e com muitos cortes nas vozes dos professores. Preferia ter aulas na escola, percebia melhor as coisas, era mais fácil os professores explicarem. Entrar na aplicação das aulas é complicado”, refere.
A escola à distância chegou, mas os meios ainda não
Quando a pandemia chegou, em março do ano passado,(...)
Ter aulas presenciais não é possível por causa da pandemia, que limita também as deslocações entre concelhos. Para ir às compras, os habitantes de Forninhos têm agora de se deslocar a Aguiar da Beira, quando Penalva do Castelo, fica a metade do caminho, só que já é outro concelho.
“Estamos esquecidos, estamos a 20km da sede de concelho. Penalva do Castelo fica a 10km”, aponta o tesoureiro da Junta de Freguesia de Forninhos.
A direção do Agrupamento de Escolas de Aguiar da Beira confirma a existência dos constrangimentos no acesso à internet nas povoações de Forninhos, Gradiz e Sequeiros.
Em Forninhos, vivem cerca de 200 habitantes, 60% dos quais têm mais de 70 anos.