16 fev, 2021 - 16:46 • Liliana Monteiro
O Presidente da Câmara de Montalegre desconhece as intenções manifestadas no plano de recuperação e resiliência para desenvolver uma “fileira industrial” de lítio na fronteira, criando em conjunto com Espanha uma linha de fabrico de baterias.
Em declarações à Renascença, Orlando Alves diz que a sua posição é clara. “Aquilo que foi sempre dito por mim, e que será a posição a ser tomada pela Câmara, é que se a exploração avançar, de forma alguma consentiremos que venham esventrar a nossa terra, entrar no ventre da nossa terra, retirar daqui o valor e levá-lo para outro lado. Isso é que não faz sentido nenhum.”
O autarca diz que se a ideia é este ser um projeto de fronteira, não faz sentido retirar o lítio para uma cidade no litoral. “Se é de fronteira, Montalegre está a sete ou oito quilómetros da linha de fronteira. Levá-la para Matosinhos, isso é que nunca. Mas obviamente que são decisões que me escapam.”
A área onde deve decorrer a exploração do lítio fica a dez quilómetros da fronteira, mas tem habitações por perto, alerta Orlando Alves.
"É relativamente próximo. Estamos a falar numa distância de dez quilómetros em linha reta, por isso é relativamente próximo.”
“Eu sei que a área de exploração é incomensuravelmente inferior à área de prospeção, estamos a falar de zonas de campo aberto, mas com habitações muito próximas", conclui.
O Presidente da Câmara diz que o processo já está bem encaminhado, mas que há discrepâncias entre o concurso público e o estudo de impacto ambiental.
"Já foram concessionadas, já há muitos estudos elaborados, já estão os estudos de impacto ambiental em apreciação, e que não têm nada a ver com o concurso público a que a concessão de mais de oito áreas de prospeção que está a ser trabalhada neste momento a nível governamental.”
“A empresa que detém a concessão da exploração em Montalegre tem prevista a verticalização de todo o processo de uma unidade fabril onde a mineralização se processe, isto é, onde o lítio seja transformado e seja depois encaminhado para uma fábrica de baterias que está associado ao mesmo", termina Orlando Alves.