17 fev, 2021 - 06:33 • Filipe d'Avillez
Começa esta quarta-feira, dia 17 de fevereiro, o julgamento do pai e da madrasta de Valentina, a menina de nove anos que foi assassinada perto de Peniche. Conheça aqui os detalhes de um dos casos que mais chocou Portugal em 2020.
Quando é que tudo aconteceu?
Na manhã de quinta-feira, 7 de maio de 2020, o pai de Valentina dirigiu-se ao posto da GNR em Peniche e deu conta do desaparecimento da sua filha de nove anos. Começaram então buscas pela menina.
A operação chegou a envolver 600 elementos da GNR, Bombeiros, Proteção Civil, entre outros, e foi abrangida uma área de cerca de quatro mil hectares. O pai e a madrasta optaram por não participar. Chegou a haver notícia de um avistamento da rapariga nas Caldas da Rainha, o que se verificou como sendo falso.
Na manhã de 10 de maio de 2020 o corpo de Valentina foi encontrado perto da sua casa, em Atouguia da Baleia, e a Polícia Judiciária indicou que o pai e a madrasta estavam “fortemente indiciados” pelo seu homicídio.
Pai confessou o crime
Depois de três dias de buscas, terá sido o pai de Valentina, Sandro Bernardo, a confessar a autoria do crime à Polícia Judiciária, informando de seguida onde tinha sido ocultado o corpo. Poderá manter a mesma versão durante o julgamento que agora começa ou optar por outra estratégia de defesa.
O que se passou?
A autópsia revela que Valentina morreu de asfixia, mas conclui que ela sofreu vários traumatismos e agressões, levando o Ministério Público a deduzir que foi torturada longamente, através de agressões de grande violência e queimaduras causadas por água quente.
Uma das agressões, na zona da cabeça, levou a menina a ter convulsões e causou uma hemorragia interna, que acabaria por a matar várias horas mais tarde. Durante todo esse tempo a menina foi deixada no sofá da residência “entregue a si própria”, até que morreu.
Na altura Valentina estava em casa do pai, em Atouguia da Baleia, juntamente com três irmãos – um rapaz de 12 anos, uma menina de quatro anos e um bebé de seis meses.
Nas primeiras declarações feitas depois da detenção dos dois adultos, a Polícia Judiciária disse que não tinha sido possível determinar se os outros menores tinham assistido ao crime. No entanto, a imprensa avança que o testemunho do irmão mais velho foi importante para o desfecho do caso.
Depois de morta, o pai terá levado o corpo da sua filha para uma zona de eucaliptal e escondido atrás de uns arbustos.
Onde estão Sandro e Márcia?
Depois de apresentados a Tribunal, em Leiria, no dia 12 de maio, Sandro e Márcia Bernardo ficaram em prisão preventiva e aí permanecem.
Já dentro do estabelecimento prisional da Polícia Judiciária, Sandro Bernardo terá tentado por duas vezes suicidar-se, mas sem sucesso. Noutra ocasião escreveu uma carta ao irmão a culpar a sua mulher, madrasta da Valentina, pelo crime. Entretanto, perdeu a tutela das suas outras duas filhas.
Arguidos, em prisão preventiva, estão acusados da (...)
De que são acusados?
Sandro e Márcia Bernardo são acusados de vários crimes, incluindo homicídio qualificado e profanação e ocultação de cadáver, bem como abuso e simulação de emergência. Sandro é acusado também de violência doméstica.
Se forem condenados por alguns ou todos os crimes podem apanhar a pena máxima em Portugal, de 25 anos de cadeia.
Valentina devia estar com a mãe
Valentina não vivia normalmente com o seu pai, mas sim com a sua mãe.
Contudo, devido à pandemia, a estadia com o pai acabou por se prolongar durante mais tempo do que seria normal, até que se deu o crime.
Acresce que a criança não estava sinalizada pela Segurança Social, pese embora tenha havido uma investigação anterior que foi arquivada.