25 fev, 2021 - 09:46 • João Cunha , Marta Grosso
Há meses que não há registo de casos de gripe. Na semana de 8 a 14 de fevereiro, a Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe (hospitais) não detetou qualquer caso de gripe.
As 23 unidades de cuidados intensivos não enviaram qualquer informação. Os vírus respiratórios detetados e comunicados naquele período eram, na sua maioria, do grupo dos Picornavírus, que causam a constipação comum.
Ao nível mundial, a situação é idêntica: os casos de gripe detetados durante a época gripal 2020/2021 são residuais, em comparação com os anos anteriores.
A pandemia de Covid-19 afetou o modo de funcionamento dos serviços de saúde e a capacidade de testagem na região europeia da Organização Mundial de Saúde, o que pode ter tido impacto na notificação clínica e laboratorial de casos de gripe. Por isso, os resultados reportados devem ser interpretados tendo em conta esta limitação.
Na Europa, na semana entre 1 e 7 de fevereiro, a atividade gripal manteve-se em níveis inter-epidémicos, com identificação esporádica de casos de gripe em amostras provenientes de sistemas de vigilância sentinela e não-sentinela. Foram identificados vírus do tipo A e B.
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Como poderá ser então preparada uma vacina para a próxima época gripal?
“Os epidemiologistas e os biólogos e as pessoas que fazem a produção de vacinas vão ter em atenção aquilo que são, mesmo residualmente, as principais estirpes que estão em circulação este ano. Porque há gripe. Ela é residual, mas há gripe”, diz à Renascença o presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia e da Sociedade Respiratória Europeia, Carlos Robalo Cordeiro.
Filipe Froes, pneumologista, admite que as próximas vacinas contra a gripe corram maior risco de “não concordarem com a estirpe em circulação, por menor número de colheitas necessário para esse trabalho de adivinha, digamos assim”.
Os dois especialistas convergem numa outra possível consequência a ter em conta no próximo inverno: “as pessoas terem menor imunidade por falta de circulação no ano anterior”.
“Podemos ter mais gripe e menos protegida pelas vacinas”, afirma Filipe Froes.
Carlos Robalo Cordeiro também considera “óbvio que haja uma baixa de imunidade da população para a próxima época gripal, porque houve incomensurável menos contacto com o vírus da gripe”.
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Por isso, nas próximas épocas gripais, é provável que possam ser recomendadas medidas preventivas às populações mais afetadas pela gripe – habitualmente, maiores de 65 anos – que até agora não eram adotadas.
Por exemplo, “em transportes públicos em áreas metropolitanas grandes, como Lisboa e Porto, acredito que possa ser recomendada a utilização da máscara apenas por causa do período sazonal”, afirma.
Para debater o impacto da gripe em Portugal, vários especialistas participam nesta quinta-feira de manhã na “Flu Summit Portugal: gripe e longevidade”.
Em análise estará também o valor da população sénior e a importância da prevenção na longevidade e saúde.